O trineto do Imperador Pedro II, Dom Bertrand de Orléans e Bragança, foi referido como "Sua Alteza Real Imperial" em um tuíte no perfil oficial da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Junto com a legenda, uma foto de Dom Bertrand dando as mãos ao encarregado de negócios da Embaixada, Nestor Forster Jr., foi publicada, tirada durante visita de Bertrand à Embaixada. Forster foi indicado para a cadeira de embaixador do Brasil nos EUA, após a desistência do presidente Jair Bolsonaro em indicar seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
O Brasil deixou de ser uma monarquia em 15 de novembro de 1889, que levou ao exílio da família real, encerrado em 1920. Os descendentes de Dom Pedro II atualmente se empenham em mobilizar o movimento monarquista, por meio do comparecimento a eventos oficiais e encontros com autoridades, como foi o caso de Dom Bertrand na Embaixada em Washington.
Dom Bertrand, herdeiro do trono real, é conhecido por posicionamentos polêmicos em relação a pautas ambientais e à esquerda. Seu livro publicado em 2012 é entitulado Psicose Ambientalista: os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma "religião" ecológica, igualitária e anticristã.
Fontes do Itamaraty afirmaram, sob reserva, que os títulos atribuídos a Dom Bertrand fazem parte dos procedimentos de cerimonial diplomático. Ainda segundo integrantes da diplomacia brasileira, a referência foi usada no discurso de posse do chanceler Ernesto Araújo para cumprimentar Dom Bertrand de Orléans, em cerimônia na qual estavam presentes autoridades representantes dos poderes brasileiros como o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli.
Leia a nota na íntegra da Embaixa do Brasil em Washington:
"O tratamento utilizado deriva do fato de que Dom Bertrand de Orléans e Bragança é comumente tratado com o título em questão, e em nada tem relação com o direito público brasileiro, ou carrega qualquer sentido político, institucional ou jurídico. O tratamento não carrega sentido de reconhecimento de nenhum status político particular, e não é uma afirmação sobre um regime político, refletindo apenas a civilidade devida a um membro da família real que governou o Brasil.
O Brasil instaurou a República, mas a família dos descendentes de Dom Pedro I continuaram a existir. O tratamento é análogo àquele dado a famílias reais de Estados estrangeiros. O reconhecimento conferido por uma autoridade brasileira a um membro de uma família real estrangeira, por meio de um tratamento específico, não implica em nenhuma consequência, nem indica que aquela pessoa é súdita de determinado Estado." / COM BEATRIZ BULLA