Herói para alguns, déspota para os inimigos

Era Fujimori foi marcada por golpe, combate a rebeldes e intimidação da oposição

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Por Afp e Reuters
Atualização:

Sete anos após deixar o poder, o ex-presidente peruano Alberto Fujimori, de 69 anos, ainda é uma figura controvertida no Peru. Para alguns, ele é o homem que teve coragem de enfrentar os militantes do grupo rebelde maoísta Sendero Luminoso. Para outros, é um déspota corrupto e golpista que enviou esquadrões da morte para matar inocentes e desviou dinheiro público durante seu longo período de governo, de 1990 a 2000. Fujimori, filho de japoneses, tornou-se presidente do Peru em 1990, após derrotar o escritor Mario Vargas Llosa com uma campanha baseada no distanciamento dos políticos tradicionais. Na época, o país sofria com a hiperinflação e a violência política. Logo após tomar posse, o agrônomo e ex-professor de matemática lançou um programa radical de reformas econômicas, acabando com subsídios, privatizando empresas estatais e reduzindo o papel do Estado na economia. Apesar de acabar com a inflação e abrir caminho para o crescimento econômico, a reforma de Fujimori dificultou a vida dos peruanos: a maior parte da mão-de-obra do país passou para a economia informal e a taxa oficial de desemprego oficial superava os 60%. Além de controlar a economia, o então presidente peruano endureceu o combate às guerrilhas esquerdistas. Um dos episódios marcantes de seu governo foi a libertação de dezenas de reféns seqüestrados pelo grupo guevarista Movimento Revolucionário Túpac Amaru, (MRTA), na residência do embaixador japonês, em Lima, tomada em dezembro de 1996. Conhecido como um homem frio e autoritário, Fujimori exerceu o poder com mão-de-ferro, com apoio das Forças Armadas, sua principal aliada. Entre janeiro e março de 1995, enfrentou o Equador numa guerra pelo controle da foz do Rio Cenepa. O conflito encerrou-se oficialmente com a assinatura de um acordo em 1998, em Brasília. ?AUTOGOLPE? Dois anos depois de assumir o cargo, Fujimori dissolveu o Congresso, afirmando que o Legislativo estava prejudicando o combate ao Sendero Luminoso. Apesar das críticas, Fujimori foi reeleito pelos peruanos, em 1995, vencendo com ampla maioria. Durante seu segundo mandato, no entanto, foi acusado de intimidar opositores, usando o serviço secreto, liderado por seu aliado Vladimiro Montesinos. De acordo com a oposição, o governo peruano passou a pressionar também meios de comunicação e o Judiciário, além de financiar suas campanhas com recursos públicos. O anúncio de que Fujimori tentaria um terceiro mandato chocou o país. Seis meses após ter vencido as eleições de maio de 2000, Fujimori fugiu para o Japão após o escândalo que teve Montesinos como pivô (leia ao lado). Fujimori enviou uma mensagem de renúncia ao Congresso por fax. Mas os congressistas a rejeitaram e aprovaram sua destituição por "incapacidade moral".

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