Hesitação desperta dúvida sobre capacidade de ação de Bush

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A condenação mundial ao ataque terrorista e as manifestações de apoio, solidariedade e unidade nacional em torno de George W. Bush, feitas por políticos e cidadãos norte-americanos, sugerem que este não é um perigo iminente. Mas a resposta incerta e hesitante do presidente nas primeiras horas depois do ataque - em lugar de retornar à Casa Branca e assumir de forma visível o comando das operações, Bush passou horas a bordo do Boeing presidencial voando entre bases aéreas -, que os jornais registraram, alimentou entre alguns analistas o temor de Bush não estar à altura do desafio. Eles disseram que Bush enfrentará agora uma tarefa muito mais difícil do que fazer os discursos adequados, mas pouco eloqüentes, que ele fez na noite desta terça-feira e nesta quarta. Segundo o professor Bruce Buchanan, da Universidade do Texas, trata-se de preparar os norte-americanos para o penoso, metódico e demorado esforço de identificar os responsáveis pelos ataques e seus protetores. "Será preciso um processo calmo para buscar e estudar indícios em circunstâncias caóticas, e o perigo, que Bush precisa evitar, é o de pôr o carro à frente dos bois." O cientista político Thomas Mann, da Fundação Brookings, disse que não vê sentido em criticar o desempenho do presidente nas circunstâncias traumáticas que o país atravessa. Mas deixou clara sua apreensão quanto à possibilidade de Bush de mostrar-se aquém do gigantesco desafio de liderança que tem nas mãos. "A coisa mais importante que precisamos é empatia, clareza e determinação (do presidente)", disse ele na manhã desta quarta-feira. "A menos que ele seja transformado (pelos ataques), não acho que será capaz de comandar o palco público no qual é o principal ator." A própria Casa Branca demonstrou preocupação nesta quarta diante dos reparos à falta de um comportamento mais decidido do presidente, nas primeiras horas depois do atentado, informando que a decisão de Bush de não voltar a Washington terça-feira foi influenciada por "indícios críveis" de que a Casa Branca e o Air Force One também estavam na lista de alvos dos terroristas. A seu favor, Bush sabe que conta, de imediato, com o apoio emocional dos norte-americanos e o suporte maciço do Congresso. Sem exceção, senadores e deputados que ocuparam a tribuna nesta quarta insistiram no imperativo de o país manter-se unido contra o terror.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.