PUBLICIDADE

Hezbollah e rei saudita fazem reunião sobre crise, diz fonte

Encontro visava diminuir tensões entre a Arábia Saudita e o Hezbollah

Por Agencia Estado
Atualização:

O rei Abdullah, da Arábia Saudita, manteve negociações sobre a crise política no Líbano com um líder do Hezbollah na semana passada, no primeiro contato desse tipo entre o monarca e o grupo xiita apoiado pelo Irã, disse uma fonte política libanesa na quarta-feira. O vice-chefe do Hezbollah, xeque Naim Kassem, e um assessor dele, Mohammed Fneish, foram a Jidá num jato particular saudita no dia 26 de dezembro para a reunião com o rei e com o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, o príncipe Saud al-Faisal, disse a fonte. A viagem, que durou três dias, tinha o objetivo de amenizar as tensões entre o país, de maioria sunita, e o Hezbollah, que está liderando uma campanha para derrubar o governo do Líbano. Assim como os Estados Unidos, a Arábia Saudita apóia o premiê libanês, Fouad Siniora, e vem criticando o Hezbollah desde que o grupo deflagrou a guerra de 34 dias com Israel no meio do ano passado, depois de capturar dois soldados numa operação na fronteira. "O que resultou da reunião foram sinais de boa vontade de ambos os lados para melhorar as relações, mas não houve resultados palpáveis", afirmou a fonte, acrescentando que os temas discutidos foram as diferenças entre os lados e o aumento da tensão sunita-xiita no Líbano. As autoridades sauditas não fizeram declarações imediatas sobre a informação a respeito do encontro. O jornal Al-Akhbar, de Beirute, que noticiou a reunião, disse que os sauditas haviam convidado o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, para ir ao país durante a peregrinação anual de 2006 a Meca. Nasrallah recusou o convite, alegando motivos de segurança. Nasrallah manteve negociações com o embaixador do Egito no Líbano no sábado, no primeiro encontro desse tipo desde a fundação do Hezbollah, no início dos anos 1980. O presidente egípcio, Hosni Mubarak, forte aliado dos EUA, também vem fazendo críticas ao Hezbollah nos últimos meses. Kassem, vice-chefe do grupo, disse na segunda-feira que não via grandes possibilidades para o fim próximo do impasse com o governo de Siniora, e acrescentou que a oposição ia se reunir para decidir como prosseguir com a campanha, que agora está exigindo a antecipação das eleições parlamentares. Defensores do Hezbollah e seus aliados xiitas e católicos estão acampados no centro de Beirute desde 1 de dezembro, em protesto contra o governo. O Hezbollah, que conta com o apoio do Irã e da Síria, diz que a campanha continuará pacífica. Todos os ministros xiitas deixaram o gabinete em novembro, e a oposição diz que isso torna o governo ilegítimo. Muitos libaneses temem que a crise possa provocar episódios de violência entre sunitas e xiitas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.