Hezbollah lidera reconstrução do Líbano

Reconstrução seria financiada pelo Irã, segundo New York Times; refugiados retornam ao sul

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Após início tenso, o cessar-fogo começa a se consolidar, proporcionando o começo da reconstrução do Líbano, liderada pelo Hezbollah, e financiada pelo Irã. Os dois primeiros dias do cessar-fogo, segunda e terça-feira, foram tensos. Na segunda-feira o Hezbollah lançou mísseis que atingiram o sul do Líbano. Tiroteios entre soldados israelenses e guerrilheiros aconteceram nos dois dias. Com a trégua, começam os esforços no sentido de reconstruir o país - casas, estradas e pontes. O Hezbollah lidera os esforços de reconstrução com dinheiro do Irã. Segundo o jornal The New York Times, Nehme Y. Tohme, membro do Parlamento e ministro do país para refugiados, disse que funcionários do Hezbollah afirmaram que quando o conflito acabasse, o Irã iria fornecer à organização shiita "verba ilimitada" para a reconstrução. Em seu discurso declarando a vitória na segunda-feira a noite, o líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, ofereceu dinheiro para "móveis decentes" e um ano de aluguel para qualquer libanês que tenha perdido sua casa durante a guerra. "A vitória completa", afirmou, "pode vir com a reconstrução". Enquanto os israelenses se retiram do Líbano, centenas de membros do Hezbollah se espalham pelas vilas no sul, dando início à limpeza, organizando os esforços de reconstrução, e fazendo o levantamento dos danos. Tratores abrem caminhos entre escombros e desbloqueiam ruas e estradas. Na cidade de Sreifa, um funcionário do Hezbollah disse que o grupo irá oferecer uma verba inicial de dez mil dólares aos moradores do local para auxiliar no pagamento do aluguel por um ano, para a compra de móveis e de alimentos. Em Bint Jbail, ambulâncias do Hezbollah tiram de montanhas de escombros os corpos de guerrilheiros, para que eles sejam sepultados. Jovens com walkie-talkies e pranchetas caminham pelos subúrbios shiitas da cidade avaliando a extensão dos danos. Em seu discurso, Hassan Nasrallah afirmou que "os irmãos nas vilas irão se voltar para aqueles que tiveram suas casas destruídas, ajudando na reconstrução". Homens do Hezbollah têm viajado de porta em porta perguntando aos moradores quais são as suas necessidades. O discurso de Nasrallah foi interpretado como um divisor de águas na política libanesa, colocando a organização em pé de igualdade com o Governo. "É claro que não podemos esperar pelo governo e seus veículos e máquinas, pois eles podem levar algum tempo." E ainda alertou que "ninguém deve aumentar os preços devido ao aumento da demanda". Segundo Amal-Ghorayeb, professor da Universidade Libanesa-Americana, e pesquisador da organização, a força do Hezbollah se deve, em grande parte ao "vácuo deixado pelo estado". Exército libanês na reconstrução O Exército libanês começou nesta quarta-feira a reconstruir algumas das pontes destruídas pela aviação israelense durante sua ofensiva militar contra o Líbano, informou à Efe uma fonte militar de alto escalão. "Unidades do Exército começaram a reconstruir as pontes sobre os rios Damour, Awali, Zahrani e Litani", disse a fonte, acrescentando que os trabalhos se concentram sobretudo ao redor das instalações de Kazimieh, no norte de Sidon, e Farkela, no leste de Nabatiyeh. As pontes sobre o Litani são essenciais para que os milhares de refugiados e deslocados possam retornar a seus lares no sul do país. Segundo a mesma fonte, ainda não se determinou nenhuma data para o posicionamento do Exército libanês no sul, embora a imprensa local considere que a reconstrução de tais pontes possa ser o prelúdio do envio dessas tropas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.