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Hezbollah reúne 800 mil pela renúncia do governo do Líbano

Soldados e policiais fortemente armados fecharam todas as ruas e avenidas que levam ao prédio do gabinete do premier Fuad Saniora, no centro de Beirute

Por Agencia Estado
Atualização:

Centenas de milhares de manifestantes, com bandeiras do Hezbollah e dos seus aliados pró-Síria, foram ao centro de Beirute nesta sexta-feira para realizar um pacífico, porém barulhento, protesto para forçar a renúncia do premier apoiado pelo ocidente, Fuad Saniora. Cerca de 800 mil pessoas, segundo estimativas da polícia, preencheram rapidamente as ruas e praças para a manifestação, provocando muitos congestionamentos nas vias que levam ao centro. Os organizadores do protesto, por sua vez, estimavam em 1 milhão o número de manifestantes presentes, o que representaria 25% da população libanesa. "Esta é, de longe, a maior concentração pública da história do Líbano", disse o xeque Hassan Izzedine, um dirigente do o grupo muçulmano xiita Hezbollah, responsável pela organização do ato. As estradas que levam a Beirute e as ruas que conduzem ao centro da capital libanesa passaram o dia congestionadas por carros e ônibus que levavam a bordo milhares de pessoas de todas as partes do país para participar dos atos do protesto. O Hezbollah distribuiu cupons de gasolina gratuita para os manifestantes procedentes das regiões mais remotas do Líbano, e patrocinou parte dos comboios de ônibus que levaram os seus apoiadores à capital. Por meio de alto-falantes, oradores exigiam: "Fora Siniora!" e "Queremos um governo livre". Após cada palavra de ordem, a multidão celebrava em aprovação em meio ao som ensurdecedor de hinos revolucionários e nacionalistas do Hezbollah. Com a aparente intenção de mostrar-se indiferente aos pedidos para sua saída, Saniora foi trabalhar nesta sexta-feira, mas centenas de policiais e soldados tiveram que formar um cordão de isolamento nas ruas de acesso ao gabinete de governo. Eles espalharam arame farpado e colocaram barricadas para impedir que manifestantes tentem entrar no prédio, no que alguns jornais consideraram como "o grande confronto" entre o governo e a oposição. Protesto pacífico Para garantir que o protesto transcorresse pacificamente, conforme pediu seu líder supremo, o xeque Hassan Nasrallah, o Hezbollah posicionou duas linhas de homens armados entre as forças de segurança e os manifestantes, para evitar eventuais confrontos. Apesar de os organizadores garantirem que será uma demonstração pacífica, as fortes medidas de segurança surgiram em meio ao medo de que os protestos possam se transformar em confrontos de rua entre facções pró e contra a Síria, ou que aliados do Hezbollah poderiam tentar invadir os escritórios do governo. Por isso, dirigentes dos partidos governistas pediam a seus simpatizantes que mantivessem a calma e não confrontassem os manifestantes. Tensão crescente A tensão os entre os grupos pró e anti-Síria elevou-se no Líbano desde que o Hezbollah lançou uma campanha para derrubar o governo de Saniora, que conta com o apoio dos Estados Unidos. O Hezbollah e seus aliados querem ter poder de veto no gabinete de governo libanês - uma demanda que Saniora e os partidos anti-Síria sempre rejeitaram. O objetivo dos protestos é gerar pressão popular suficiente para forçar a renúncia do governo. Saniora, entretanto, soou desafiante em seu último pronunciamento televisionado, que foi ao ar na noite de quinta-feira. Ele garantiu que não renunciará, afirmando que "a independência do Líbano está ameaçada, e seus sistema democrático em perigo". Os governistas acusam a Síria de estar por trás da campanha do Hezbollah, com o objetivo de restabelecer a influência perdida no pequeno vizinho. O Hezbollah, por sua vez, alega que o país caiu nas mãos dos Estados Unidos, e que o grupo, que ocupada cadeiras no Parlamento, perdeu sua representatividade no governo. Texto atualizado e ampliado às 14h20

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