Hillary aceita ser secretária de Estado, dizem assessores ao ''NYT''

Segundo o jornal, senadora tomou decisão após uma nova reunião com Obama sobre o papel que exercerá

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Por Peter Baker
Atualização:

Hillary Clinton decidiu desistir da cadeira no Senado e aceitar o posto de secretária de Estado, o que a tornará, em todo o mundo, o rosto público do governo de Barack Obama - que a derrotou na disputa pela indicação democrata à presidência dos EUA, informaram ontem duas fontes que têm acesso a assuntos confidenciais da senadora. Hillary tomou a decisão depois de manter novas conversações com o presidente eleito sobre a natureza do seu papel e sobre os planos de Obama para a área de política externa, disse uma das fontes, sob condição de anonimato. O escritório de Obama disse na quinta-feira aos repórteres que a nomeação estava "bem encaminhada", mas pessoas próximas de Obama só confirmaram ontem à tarde que ela havia decidido. "Ela está disposta", disse a fonte. Hillary se sentiu mais tranqüilizada depois de conversar novamente com Obama, pois a primeira reunião em Chicago, na semana passada, "foi muito geral", acrescentou. O objetivo do novo encontro não foi obter concessões especiais, mas "apenas sentir-se confortável" com a idéia de trabalharem juntos. Uma segunda pessoa ligada a Hillary confirmou que seus assessores acreditam que eles chegaram a um acordo. Conselheiros de alto escalão de Obama disseram ontem pela manhã que a oferta não havia sido formalmente aceita e nenhum anúncio será feito até depois do Dia de Ação de Graças (quinta-feira). Mas afirmaram estar convencidos de que a nova aliança agora está prestes a ser concluída. O aparente acordo entre as duas figuras de maior destaque do Partido Democrata constituiu o ápice de um drama que durou uma semana e dominou as atenções de Washington. Obama e Hillary travaram a batalha mais competitiva da indicação democrata dos tempos modernos, que polarizou o partido durante meses e deixou rancor em ambos os campos. Mas ao convidar Hillary para fazer parte de seu gabinete, Obama indicou que queria tornar sua antiga rival em parceira, e ela chegou à conclusão de que poderá exercer uma enorme influência dando seu consentimento. A decisão foi tomada após dias de intensas investigações e negociações cuja finalidade foi eliminar possíveis obstáculos a sua nomeação ao cargo por causa dos negócios e das atividades filantrópicas globais do marido. Os advogados de Obama e do ex-presidente Bill Clinton vasculharam as finanças deste e elaboraram uma série de diretrizes para suas futuras atividades, buscando evitar toda e qualquer aparência de conflito de interesses no caso de ela ser nomeada. Pessoas que estão por dentro da investigação disseram que Clinton apresentou os nomes dos 208 mil doadores de sua fundação e biblioteca e concordou com todas as condições exigidas pela equipe de transição de Obama, como as restrições aos pagamentos de seus discursos no futuro e de sua função em sua fundação internacional. Como secretária de Estado, Hillary terá uma poderosa plataforma para viajar pelo mundo e tentar reparar as relações com outros países abaladas nos oito anos da política externa do presidente George W. Bush. Mas, ao mesmo tempo, terá de subordinar sua agenda e ambições às de Obama e sacrificar a independência proporcionada pela cadeira no Senado e pelos 18 milhões de votos que obteve durante a árdua batalha das primárias com o presidente que acaba de se eleger.

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