Hillary defende atuação americana no ataque em Benghazi

Secretária de Estado é questionada por conta da morte de quatro americanos no episódio em 2012, que abriu crise política nos EUA.

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Por BBC Brasil
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A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, defendeu ferozmente sua atuação durante o ataque em um consulado americano em Benghazi, na Líbia, em 11 de setembro de 2012. Durante depoimento emocionado a um inquérito no Congresso dos EUA, nesta quarta-feira, Hillary criticou um senador que acusou o governo Obama de enganar o público. Ela disse assumir a responsabilidade pelas falhas de segurança que levaram ao ataque, mas afirmou não ter visto pedidos para reforço de segurança antes do incidente. "Ninguém está mais comprometido (do que eu) em esclarecer isso", disse a secretária de Estado, no início do que acredita-se ser sua última aparição no Capitólio como a principal diplomata americana (ela deve ser substituída pelo senador John Kerry nas próximas semanas). "Estou determinada a deixar o Departamento de Estado e nosso país mais seguros, fortes e protegidos." Hillary está sendo questionada a respeito da segurança americana diante do ataque de rebeldes armados, em 11 de setembro do ano passado, que resultou na morte do embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens, e de outros três oficiais americanos. O diplomata morreu sufocado pela fumaça ao ficar preso dentro do consulado em Benghazi, quando este foi invadido por homens armados. O ataque abriu uma grande crise política nos EUA, e baixar a tensão em torno do ocorrido é essencial tanto para garantir a política externa de Barack Obama em seu segundo mandato como para manter o cacife da própria Hillary (cotada para concorrer à Presidência daqui a quatro anos), explica a correspondente da BBC Kim Ghattas. Recuo O episódio na Líbia virou tema da mais recente campanha presidencial e forçou a embaixadora americana na ONU, Susan Rice, a recuar na tentativa de substituir Hillary no Departamento de Estado. Isso porque, em novembro passado, Rice admitira ter divulgado informações incorretas - de que o ataque em Benghazi tinha se originado de um protesto anti-EUA na Líbia. Rice afirmou que não houve a intenção de enganar a opinião pública, mas isso não aplacou as críticas de republicanos. Na audiência desta quarta, o senador republicano Ron Johnson disse que o país foi "levado a crer que houve supostos protestos e que uma ofensiva eclodiu a partir deles". Hillary respondeu, elevando a voz: "Com todo o respeito, o fato é que tínhamos quatro americanos mortos - se foi por causa de um protesto ou porque uns caras decidiram matar alguns americanos, que diferença faz, a esta altura? É nosso trabalho entender o que aconteceu e fazer o que pudermos para impedir que isso aconteça de novo." 'Imperdoável' Em outro momento tenso, o também republicano Rand Paul disse ser "imperdoável" a admissão, de Hillary, de que ela não tinha lido documentos diplomáticos do consulado anteriores ao ataque pedindo mais segurança. "Se eu fosse presidente, teria demitido-a", disse o senador. Ela respondeu que o Departamento de Estado está implementando 29 recomendações de um comitê independente que investigou o incidente. "(O ocorrido em) Benghazi não foi em um vácuo", disse a secretária de Estado. "As revoluções árabes mudaram as dinâmicas de poder e desmontaram as forças de segurança na região." Seu depoimento no Senado - em que ela se emocionou ao lembrar das quatro vítimas americanas - ocorre menos de uma semana depois da crise de reféns na Argélia, em que um grupo islâmico atacou uma refinaria e matou dezenas, principalmente estrangeiros (três deles americanos). "A instabilidade no Mali criou um reduto crescente para terroristas que querem ampliar sua influência e planejar futuros ataques como o que vimos na Argélia", declarou Hillary, afirmando "não ter dúvidas" de que os extremistas islâmicos argelinos tinham armas obtidas na Líbia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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