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Hillary errou ao atacar a ‘alt-right’?

Ao citar o movimento em defesa dos 'brancos perseguidos', ataque da candidata democrata pode ter efeito oposto ao desejado

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Por Helio Gurovitz
Atualização:

O ataque de Hillary Clinton à associação de Donald Trump com racistas e supremacistas pode ter efeito oposto ao desejado. Ao citar a “alt-right” - movimento em defesa dos “brancos perseguidos” que infesta a internet com memes contra negros, mulheres, muçulmanos e judeus -, deu visibilidade a um grupo marginal minoritário. O elo parece reforçado porque Trump contratou como chefe de sua campanha Steve Bannon, do site Breitbart, um dos refúgios da “alt-right” na internet.

Uma das estrelas do Breitbart e da “alt-right”, o jornalista Milo Yiannopoulous, também fez campanha para Trump na Convenção Republicana. Debochado, Milo já contratou como guarda-costas um ator pornô bem-dotado, só para irritar as feministas. A intolerância de outros representantes da “alt-right” é mais séria. Embora Trump lhes faça acenos com frequência, recuou na proposta de deportar 11 milhões de muçulmanos. Prova de que o próprio Bannon sabe o dano que a “alt-right” pode causar à campanha.

Hillary é novamente investigada pelo FBI Foto: Max Whittaker/The New York Times

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Os interesses da Fundação Clinton A Associated Press foi criticada por denunciar que, quando Hillary era secretária de Estado, “mais da metade” das personalidades de fora do governo com quem se reuniu ou falou ao telefone - 85 de 154 - eram doadores da Fundação Clinton. A AP omitiu mais de 1.700 reuniões com líderes mundiais e diplomatas e não comprovou nenhum favor prestado. Não significa que Hillary seja inocente. A Fundação Clinton recebeu da Arábia Saudita e de empresas de petróleo favorecidas pelo governo. Novos e-mails mostram que o príncipe do Bahrein e doadores bilionários obtiveram acesso a Hillary por meio da fundação, em cujos cofres deixaram US$ 156 milhões. Nem é preciso comprovar o “toma-lá-dá-cá” para enxergar o conflito de interesses.

Os limites do Obamacare Dois anos depois de entrar em vigor, a lei Obamacare demonstra os limites do Estado na tentativa de impor competição aos mercados. Grandes seguradoras deixaram de oferecer planos de saúde à população. Cresce o número de condados americanos atendidos apenas por um fornecedor de seguro-saúde. São 182 neste ano, serão 687 no ano que vem e 36% do total de 2.601 no futuro, segundo um levantamento do site Vox. Menos competição era o oposto do que a lei almejava.

Los hermanos contra a corrupção Um novo projeto de lei na Argentina pretende corrigir uma distorção no combate à corrupção. Estabelece que empresas sofram sanção judicial por tirar proveito de negociatas - hoje, apenas cidadãos podem ser punidos por pagar ou receber propinas. Também cria uma figura similar ao acordo de leniência brasileiro. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico classifica o projeto como “oportunidade única” na luta anticorrupção.

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Meritocracia de Trump

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Os franceses contra o burkini Para 64% dos franceses, o burkini, traje de praia adotado por muçulmanas que preferem esconder o corpo, deve ser proibido, segundo uma pesquisa Ifop/Le Figaro. A oposição ao burkini é majoritária entre eleitores de todos os partidos. É aprovada por 62% na Frente de Esquerda, 52% no Partido Socialista, 76% nos Republicanos e 86% na direitista Frente Nacional.

O fim melancólico do ‘Gawker’ O bilionário Peter Thiel venceu. Em 2007, o Gawker revelou que ele era homossexual. Por quase dez anos, Thiel financiou uma luta secreta contra o site na Justiça. Em maio, o Gawker foi condenado a pagar US$ 140 milhões num processo financiado por Thiel. Sem dinheiro, acabou vendido à Univision, que decidiu fechá-lo nesta semana. Impossível resistir à imagem de sensacionalismo associada à marca Gawker.

Uma esperança para conservadores No livro “The fractured republic”, o analista político Yuval Levin vislumbra o futuro dos conservadores americanos. Procura superar a polarização política e a nostalgia das eras douradas veneradas pela esquerda (a luta por direitos civis nos anos 1950 e 1960) e pela direita (a onda liberal nos anos 1980 e 1990). Propõe a descentralização do poder, com influência maior de organizações comunitárias.

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