“Hillary não apenas serviu como exemplo de participação da mulher na política, mas também mostrou que há vida depois da derrota”, disse Sousa, que é filiada ao Partido Democrata, como todos os demais brasileiros que decidiram se candidatar neste ano.
Durante a disputa presidencial, Stephanie Martins criou o grupo Brazilians for Hillary (Brasileiros por Hillary), ao qual se juntou Margareth Shepard. As duas são candidatas a vereadoras e mencionam a experiência da primeira mulher a disputar a presidência dos Estados Unidos por um grande partido como uma de suas fontes de inspiração.
Ao mesmo tempo, a pretensão política das três ganhou urgência com a vitória do atual ocupante da Casa Branca. “Donald Trump fez uma campanha em que atacou as mulheres, os imigrantes e trouxe à tona o racismo”, afirmou Stephanie, candidata a vereadora em Everett, onde cerca de 11% dos 42,5 mil habitantes são brasileiros. “É importante ter representação política para proteger certas comunidades.”
Tesoureira do Partido Democrata em Framingham, Shepard disse que a campanha de Trump funcionou como um catalisador para a mobilização política dos latinos e dos brasileiros na cidade, o que se refletiu no aumento do número dos que estão registrados para votar.
“Apesar da perda eleitoral, houve um ganho político imenso para as mulheres americanas com a candidatura da Hillary. Ela recebeu o maior número de votos e inspirou outras mulheres a também disputarem eleições”, afirmou Shepard.
Em sua avaliação, o aparecimento de candidaturas competitivas na comunidade brasileira é um reflexo de seu enraizamento no país. Segundo ela, muitos iam aos Estados Unidos sem intenção de se estabelecer, o que dava ao grupo uma grande mobilidade. Esse cenário mudou com a crise de 2008, quando muitos brasileiros retornaram às suas cidades de origem. “Ficaram as famílias que queriam viver nos Estados Unidos e participar mais ativamente de suas comunidades.”