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Hillary: ''Irã tem clara chance para cooperar''

Secretária de Estado volta a sugerir possível negociação com Teerã

Por AP , AFP , Efe , Reuters e Washington
Atualização:

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, voltou a sugerir ontem que o governo do presidente Barack Obama estaria disposto a negociar com o Irã. "Há uma clara oportunidade para os iranianos demonstrarem disposição em se comprometer significativamente com a comunidade internacional", afirmou Hillary em sua primeira entrevista coletiva como chefe da diplomacia americana. Ela disse que depende apenas de Teerã decidir se continua ou não "com as mãos fechadas". "Enquanto analisamos as oportunidades disponíveis para nós, teremos uma visão geral do que achamos que podemos fazer", disse a secretária. "Ainda há muitas questões que estamos considerando que não estou preparada para discutir." As declarações de Hillary fazem parte de uma série de anúncios de Obama e seus assessores indicando uma possível abertura para o diálogo com o governo do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad. Até agora, porém, nenhum funcionário da Casa Branca especificou como a aproximação com Teerã seria feita. Ainda ontem, o secretário da Defesa, Robert Gates, disse que os EUA estão preocupados com a ingerência do Irã na América Latina (mais informações abaixo). Os EUA e o Irã romperam laços diplomáticos após a Revolução Islâmica, em 1979. Desde então, a relação entre os dois governos tem sido tensa e recheada de trocas de acusações. Washington acusa o Irã de tentar desenvolver armas nucleares e de fomentar o terrorismo - principalmente no Iraque. Teerã nega as acusações, afirmando que seu programa de enriquecimento de urânio tem fins pacíficos e visa a produzir energia. Apesar de o novo governo estar revisando a política sobre o Irã, uma mudança imediata na estratégia dos EUA é improvável, apontam especialistas. Ainda na questão nuclear, Hillary ressaltou que as negociações dos EUA com a Coreia do Norte - das quais também participam Coreia do Sul, China, Japão e Rússia - são importantes para lidar com o desarmamento de Pyongyang. "As negociações entre as seis partes é essencial", disse a secretária, que qualificou o encontro entre os Estados envolvidos como "um fórum útil" para tentar solucionar o problema. Além disso, Hillary também expressou o desejo de Washington de ampliar as negociações com a China, rompendo a política adotada durante o governo de George W. Bush que centrou o debate apenas na economia. "Necessitamos de um diálogo sobre todos os temas com a China", afirmou a chanceler. "A economia sempre será uma peça-chave em nossas relações, mas queremos que seja parte de uma agenda mais ampla." Segundo Hillary, o governo americano tem de reparar "muitos danos" após os oito anos da administração de Bush. Ela afirmou que o mundo "deu um suspiro de alívio" após Obama substituir o impopular ex-presidente na Casa Branca. DIREITO DE DEFESA A secretária de Estado ainda comentou o conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza, afirmando que os israelenses têm o direito de se defender. "Nós apoiamos o direito de defesa de Israel", disse Hillary. "Os ataques de foguetes (palestinos) que estão se aproximando cada vez mais das áreas populosas (em Israel) não podem ficar sem resposta." A chefe da diplomacia americana afirmou que o objetivo a curto prazo de Washington na região é conseguir um cessar-fogo duradouro entre as duas partes. POLÍTICA EXTERNA Irã: Governo vem sugerindo possível intenção de negociar com o Irã. Hillary Clinton disse que Teerã tem de decidir se continua ou não "com as mãos fechadas" Coreia do Norte: Para Hillary, negociação entre as seis partes é "essencial" para lidar com o desarmamento de Pyongyang China: Chanceler quer ampliação de laços com Pequim Israel: Hillary respalda o direito de Israel de defender-se dos ataques de foguetes palestinos

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