Hillary trabalha no mesmo ritmo da campanha

Ex-primeira-dama dedica energia total à tarefa de tornar eficiente a diplomacia do ex-rival

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Por Mark Landler e WASHINGTON
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Hillary Clinton insiste que sua transição de aspirante à presidência para secretária de Estado ocorreu sem maiores turbulências, e é difícil discordar dela quanto a um aspecto: Hillary continua a trabalhar como a candidata em segundo lugar nas pesquisas de uma semana antes da "Superterça". Mas, sob vários outros aspectos, Hillary deixou de ser candidata. A equipe de campanha se foi. O marido, que a acompanhara em incontáveis comícios, retomou sua vida de cidadão do mundo, encontrando-se com a mulher em raros fins de semana em casa, em Nova York. Na mais recente mutação em uma carreira de muitas transformações, os dias de Hillary se tornaram um turbilhão de negociações diplomáticas, reuniões na Casa Branca e viagens pelo exterior: até o começo do mês, quando voltou do Iraque e do Líbano, ela já tinha percorrido 120 mil quilômetros e 22 países. Tudo indica que Hillary está trabalhando duro pelo governo do homem que ela passou a maior parte do ano passado tentando derrotar. Ela e o presidente Barack Obama desenvolveram uma harmonia respeitosa e Hillary emergiu como uma voz influente nos grandes debates contemporâneos da política externa, principalmente sobre Afeganistão e Paquistão. Funcionários do governo dizem coisas bem menos agradáveis sobre o conselheiro de Obama para a Segurança Nacional, o general James L. Jones - sugerindo certas manobras carreiristas entre os funcionários mais graduados. Nas últimas semanas, Hillary tem se saído bem tanto como gerente da burocracia do departamento quanto como diplomata. Suas graves advertências públicas relativas à ofensiva do Taleban no Paquistão a estabeleceram como principal mensageira da inquietação americana. REFINAMENTO "Adoro esse trabalho; ele é extremamente exigente", disse recentemente. "Herdamos uma quantidade enorme de problemas." Como ex-primeira-dama, senadora e candidata à presidência, Hillary tem um status refinado. E ela não hesita em fazer uso dele, seja em aparições dignas de uma estrela do rock na Coreia do Sul e Turquia ou no âmbito doméstico. Numa circunstância incomum, Hillary é protegida ao mesmo tempo pela segurança do Departamento de Estado e pelo serviço secreto, que protege os Clintons desde 1992. Enquanto candidata, Hillary foi criticada pelo gerenciamento equivocado de sua campanha. Ela parece determinada a não repetir seus erros. Entre os funcionários da campanha, poucos foram convidados para o departamento. Ela recorreu a veteranos mais próximos da era de Bill Clinton, como a sua chefe de gabinete, Cheryl Mills. "Na política, não conheço ninguém que não se faça acompanhar de um grupo de pessoas", disse Hillary. Há outros vestígios de sua vida política: seu comitê de campanha ainda existe e mantém uma lista de todos que contribuíram para a corrida presidencial, num indício sugestivo das aspirações futuras. Hillary disse que tenta viajar para Nova York uma ou duas vezes por mês, mas as viagens internacionais têm interferido com esta rotina. Ela disse conversar frequentemente com o marido, e troca mensagens com a filha, Chelsea, por meio do seu BlackBerry, que ela é proibida de usar no trabalho por razões de segurança. Hillary tem encontros regulares nas tardes de quinta-feira com Obama. As pessoas que participaram destes encontros dizem que o relacionamento deles é cordial, mesmo que não seja especialmente terno.

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