'Hoje ganha a democracia', diz Macri sobre votação no Senado da legalização do aborto

Presidente argentino diz que, independente do resultado, discussões fizeram muitos argentinos 'refletirem sobre um tema sobre o qual não tinham uma posição'; senadores a favor da iniciativa buscam plano B em caso de derrota, tendência mais provável

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Atualização:

BUENOS AIRES - Pouco antes da sessão no Senado da Argentina em que será votado o projeto de lei para legalizar o aborto - com tendência de que a medida seja rejeitada -, o presidente Mauricio Macri usou sua conta no Facebook para elogiar a discussão sobre o tema, independente do resultado.

"Não importa qual seja o resultado, hoje ganha a democracia", é o título da publicação compartilhada por Macri, que qualificou como "transcendental" a votação desta quarta.

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"Como demonstraram as exposições, os debates e as mobilizações que nos trouxeram até aqui, as divisões nas crenças sobre um tema às vezes podem ser irreconciliáveis. No entanto, essas mesmas expressões que não conseguiram convencer os que pensam diferente também fizeram muitos argentinos refletirem sobre um tema sobre o qual não tinham uma posição e iluminaram outros assuntos fundamentais que eram opacos à opinião pública", escreveu Macri.

O líder argentino também afirmou que a importância desta votação vai muito além do tema específico do aborto. "Nos coloca como sociedade um cenário pacífico para promover e realizar mudanças. Mas, além disso, nos obriga como indivíduos a nos comprometermos a aceitar que há outros que pensam de forma diferente."

Macri elogiou discussões sobrea questão do aborto e disse que mudanças profundas que serão necessárias ao longo do século serão 'desafio espetacular para a tolerância' Foto: EFE/David Fernandez

"As mudanças profundas e incessantes que teremos que fazer ao longo deste século serão um desafio espetacular para nossa tolerância. Ninguém conseguirá a todo momento exatamente o que busca. Sempre viveremos em um lugar incômodo onde algo não será exatamente como queríamos que fosse", continuou.

Macri concluiu ressaltando que se a sociedade argentina aceitar discutir com intensidade as mudanças que quer para si, entendendo que crenças distintas vencerão ou perderão dependendo da situação, o país poderá chegar a ao que qualificou como "algo sem igual": "pessoas verdadeiramente livres e melhores.

Plano B

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Com a perspectiva de que o projeto não seja aprovado no Senado - 38 dos 72 senadores declararam que são contrários à medida -, os que defendem a legalização da interrupção voluntária da gravidez buscavam nesta quarta-feira alternativas.

De acordo com o jornal La Nación, os senadores que são a favor da legalização do aborto podem pedir o debate de uma iniciativa da legisladora Lucila Crexell que descriminaliza o aborto até a 12ª semana de gravidez.

Para ser discutida, no entanto, a medida precisa do voto de dois terços da Casa - 48 dos 72 senadores.

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