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Holanda aceita pedido para julgar Charles Taylor em Haia

Mas governo holandês impôs condições para que transferência do ex-presidente liberiano seja realizada

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo holandês aceitou a mudança do Tribunal Especial de Serra Leoa para Haia no julgamento do ex-presidente liberiano Charles Taylor, confirmou nesta quinta-feira um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores holandês. O Tribunal Especial de Serra Leoa pediu na quarta-feira, por escrito, que as autoridades holandesas realizem o julgamento de Taylor na Holanda, pois "considera que a presença dele em Serra Leoa pode ter conseqüências para a estabilidade na região e ser uma ameaça à paz", acrescentou o porta-voz, Dirk Jan Vermeij. O Executivo holandês condicionou a mudança à adoção de uma base jurídica para a decisão, incluindo uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, e à promessa de que Taylor deixe o país depois da sentença, acrescentou Vermeij. No entanto, insistiu que o próprio Tribunal Especial de Serra Leoa tem que garantir, em colaboração com a Tribunal Penal Internacional, que as infra-estruturas disponíveis, como a cela no centro de detenção da ONU em Scheveningen (Haia) e a sala de audiências, sejam adequadas para realizar o julgamento. Vermeij disse não saber quando sairá uma decisão definitiva do governo holandês, e disse apenas que, "neste momento, estamos trabalhando nas condições" impostas pelo Executivo. A primeira aparição do ex-presidente diante do tribunal, na qual Taylor ouvirá as acusações contra ele, deverá ser realizada em Serra Leoa, talvez ainda nesta sexta-feira. Ele será o primeiro chefe de Estado africano a ser julgado por crimes de guerra diante de um tribunal internacional. Exílio Taylor, de 58 anos e que vivia no exílio desde agosto de 2003, foi detido na quarta-feira passada, na Nigéria, e entregue ao Tribunal Especial de Serra Leoa, com sede em Freetown. O ex-presidente passou quase três anos em exílio na Nigéria, como parte de um acordo para encerrar as lutas na Libéria. Mesmo no exílio, acredita-se que ele continuava desviando dinheiro do Tesouro liberiano com a ajuda de partidários leais. O ex-presidente liberiano enfrenta um processo judicial por sua responsabilidade na sangrenta guerra civil em Serra Leoa entre 1991 e 2002. Ele também é acusado de apoiar guerrilheiros rebeldes no oeste da África e abrigar militantes da Al Qaeda, que atacaram as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia, em 1998.

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