Holbrooke terá de criar novo objetivo para missão

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Por REUTERS E NYT
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Ao chegar hoje em Cabul após a pior onda de violência dos últimos meses no território afegão, o enviado especial para o Paquistão e Afeganistão do governo de Barack Obama, Richard Holbrooke, terá uma delicada missão: marginalizar a ideia de erigir uma democracia no país asiático, advogada pelo governo George W. Bush, em benefício de um objetivo mais realista para a missão americana. Alguns estrategistas de Washington já afirmam que simplesmente evitar a deterioração da situação já seria uma vitória. Veterano da era Bill Clinton, quando serviu como embaixador dos Estados Unidos na ONU, Holbrooke é tido como um dos nomes mais experientes que integraram o Departamento de Estado de Obama. A própria chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, não esconde que considera o diplomata um de seus principais mentores intelectuais. Holbrooke ficou conhecido como o principal articulador dos Acordos de Dayton, em 1995, que colocaram um ponto final à Guerra da Bósnia. À época, o enviado americano decidiu negociar diretamente com os líderes sérvios, acusados de genocídio, para costurar um acordo viável - escolha que lhe rendeu duras críticas. Sua experiência como negociador de um dos mais dramáticos conflitos da segunda metade do século 20 teria motivado Obama a escolhê-lo como seu principal articulador político no Afeganistão. O novo presidente americano teria antes cotado o diplomata para a chefia do Departamento de Estado. Mas a crescente dificuldade da guerra afegã, somada à vontade de integrar Hillary ao novo governo, levou Obama a convidar Holbrooke para o posto. Dias antes de iniciar seu tour pelo sul da Ásia, o diplomata decidiu adiantar as dificuldades que os EUA enfrentarão contra o Taleban, dizendo que "a guerra no Afeganistão será muito pior que a do Iraque". Entre os planos do governo americano está o aumento de tropas na região - 30 mil soldados já estariam a caminho - e a possível negociação com partes do Taleban que concordarem em se distanciar da Al-Qaeda. Ontem, o presidente Obama ordenou um estudo intergovernamental para indicar novos caminhos aos EUA na região.

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