Hollande pede ampliação de estado de emergência e novas ações contra o EI

Ao Parlamento, líder francês diz que se reunirá com EUA e Rússia para debater nova estratégia e pedirá resolução na ONU

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Por ANDREI NETTO
Atualização:
O presidente da França, François Hollande, discursa no Palácio de Versailles Foto: AFP PHOTO/ ERIC FEFERBERG

O presidente da França, François Hollande, pediu nesta segunda-feira, 16, a formação de uma "grande coalizão" internacional incluindo Estados Unidos e Rússia contra o grupo terrorista Estado Islâmico. A proposta foi feita em um pronunciamento solene realizado nesta terça-feira, 17, no Palácio de Versalhes. O chefe de Estado anunciou que convocará uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para debater uma resolução sobre o tema, mas na Turquia Barack Obama descartou que Washington vá enviar tropas de terra.

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Hollande discursou por cerca de 45 minutos ao Congresso, reunião excepcional de deputados e senadores. Segundo ele, a comunidade internacional precisa se reunir em uma única operação conjunta para destruir o Estado Islâmico na Síria e no Iraque, o que chamou de "grande e única coalizão". "Eu encontrarei nos próximos dais o presidente Obama e o presidente (Vladimir) Putin para unir forças e chegar a um resultado que por enquanto está ainda adiado a tempo demais", afirmou. "A França fala a todos, ao Irã, à Turquia, aos países do Golfo Pérsico."

Para o presidente francês, os ataques terroristas de 13 de novembro, que deixaram 129 mortos em Paris, são um "ato de guerra". Em resposta, a França vai triplicar nos próximos dias sua capacidade de bombardeio sobre o grupo terrorista, que apontou como "o inimigo" na Síria - sem fazer referência ao líder do regime, Bashar Assad. "Nosso inimigo na Síria é Daech", ressaltou, usando a sigla árabe que designa o grupo terrorista. "Não se trata de conter, mas de destruir essa organização."

O presidente exortou ainda os demais países da União Europeia a se engajarem ao lado da França, argumentando que o artigo 47 do Tratado da União Europeia. Segundo ele, a agressão é contra a Europa, e não apenas contra a França. "Os patrocinadores do ataque a Paris devem saber que seus crimes aumentam a determinação da França de enfrentá-los e destruí-los", advertiu. "Nós devemos fazer mais. A Síria e tornou a maior fábrica de terroristas que o mundo jamais conheceu."

Em seu discurso, Hollande não abordou diretamente a questão do envio de tropas de terra à Síria, o que vem sendo a grande bandeira da França nos bastidores diplomáticos. Falando ao mesmo tempo em Antália, na Turquia, às margens da reunião de cúpula do G20, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, descartou enviar tropas de terra.

"A estratégia que estamos levando adiante é a estratégia que vai funcionar. Vai levar tempo", argumentou o americano, referindo-se a seguir às tropas de solo na Síria: "Não é só a minha visão, mas a de meus mais próximos conselheiros militares e civis, que isso seria um erro".

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