Hollywood se manifesta diante de boicote para apoiar imigrantes

O boicote convocado para segunda-feira em defesa dos imigrantes despertou a solidariedade em Hollywood

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Por Agencia Estado
Atualização:

O boicote convocado para segunda-feira em defesa dos imigrantes despertou a solidariedade em Hollywood, onde algumas estrelas resolveram apoiar a manifestação. Os latinos famosos resistiram a defender a convocação, porque remete à idéia da comédia Um Dia sem Mexicanos de Sergio Arau, no qual todos latinos que vivem na Califórnia desaparecem, causando uma confusão com a falta de trabalhadores. A grande manifestação que em março reuniu meio milhão de pessoas nas ruas de Los Angeles em favor da reforma migratória só contou com o ator, diretor e ativista Edward James Olmos entre os manifestantes. No entanto, o silêncio foi rompido e cada vez mais latinos famosos se unem à convocação da que já é chamada por várias organizações de "a grande paralisação americana de 2006". O roteirista mexicano Guillermo Arriaga, que trabalhou com o diretor Alejandro González Iñárritu em Amores Brutos (2000) e 21 Gramas (2003), sempre quis fazer um filme sobre uma situação como esta, na qual uma convocação poderia parar um país. Este é um momento em que a realidade pode superar a ficção. Segundo Arriaga, o filme de seus sonhos mostraria "um momento em que toda a Hollywood se manifesta diante de boicote para apoiar imigrantes mão-de-obra mexicana parasse. É mais que uma manifestação. Verão o que acontecerá quando estes milhões de imigrantes decidirem parar". O roteirista premiado no Festival de Cannes de 2005 por seu trabalho em Os Três Funerais de Melquiades Estrada, dirigida pelo americano Tommy Lee Jones. Em comunicado divulgado pelos estúdios Sony, distribuidores do filme, Arriaga apóia o boicote, mas lembra que a "culpa" da emigração em massa é das autoridades mexicanas. "Não podemos tratar os Estados Unidos como responsável pelo problema da imigração quando nós somos a raiz do problema", acrescentou. A convocação ao boicote quer superar a paralisação, pedindo aos latinos dentro e fora dos Estados Unidos que se abstenham de consumir produtos americanos em 1º de maio. Ao contrário do que ocorre em grande parte do mundo, nos Estados Unidos o 1º de maio é dia útil, enquanto o Dia do Trabalho é comemorado no país sempre na primeira segunda-feira de setembro. Além disso, alguns grupos propõem que os hispânicos se manifestem pacificamente nos EUA, usando camisetas brancas em defesa de uma reforma migratória. "Somos pessoas trabalhadoras e honestas. E sim, me uno à luta de quem que sai pacificamente às ruas", declarou Eva Longoria, atriz da série Desperate Housewives. A mexicana Salma Hayek se mostrou contra a proposta da reforma migratória que considera "desumana", por tratar imigrantes ilegais como "criminosos". A atriz anunciou que na segunda-feira fechará os escritórios de sua produtora, a Ventanarosa, em solidariedade ao boicote. Outros atores, como Esai Morales, Martin Sheen e Susan Sarandon, também falaram em favor dos imigrantes ilegais, assim como o humorista George López e o diretor Gregory Nava. Segundo Arriaga e Tommy Lee Jones, os estúdios Sony relançaram Os Três Enterros de Melquiades Estrada na sexta-feira em solidariedade aos latinos. O filme é uma história da amizade entre um rancheiro americano e um trabalhador mexicano imigrante ilegal assassinado na fronteira, para o qual o americano buscará vingança. Um filme doará 5% da bilheteria do relançamento à Fundação em favor das Oportunidades aos Mexicanos nos EUA, que oferece assistência a esta comunidade em seis condados do estado da Califórnia. "Os Três Enterros de Melquiades Estrada chega no momento em que mais se precisa de um diálogo aberto, entendimento e compaixão", disse o presidente da organização, Martín Castro.

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