Homem-bomba mata 13 em Islamabad

Atentado ocorre em meio à ação da polícia para desalojar estudantes que voltaram a ocupar a Mesquita Vermelha

PUBLICIDADE

Por Reuters e AP
Atualização:

Um homem-bomba matou ontem pelo menos 13 pessoas e feriu outras 50 em um hotel no centro de Islamabad, perto da Mesquita Vermelha - cenário de um violento confronto no início do mês -, informou a polícia paquistanesa, alertando que podem ocorrer mais atentados. Ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque, mas as autoridades suspeitam que foi obra de militantes islâmicos. A explosão ocorreu quando a polícia tentava desalojar da mesquita centenas de estudantes radicais que exigiam a libertação e o retorno de seu líder religioso, Abdul Aziz. A Mesquita Vermelha foi reaberta justamente ontem, duas semanas após o assalto do Exército contra um grupo de milicianos entrincheirados no prédio e na madrassa (escola corânica) anexa, que deixou mais de cem mortos. Horas após sua reabertura, estudantes e manifestantes entraram na mesquita exigindo a volta de Aziz, o ex-líder do templo que foi preso no dia 4 quando tentava fugir do complexo usando uma burka. Seu irmão mais novo, Abdul Rashid Ghazi, foi morto durante o assalto à mesquita, no dia 10. Simpatizantes do grupo fundamentalista afegão Taleban, os dois clérigos defendiam a estrita observação da Sharia, a lei islâmica. Os estudantes impediram ontem que um religioso indicado pelo governo fizesse o sermão, subiram no teto da mesquita e repintaram de vermelho partes do prédio - que tinha sido pintado de bege. Eles também penduraram a antiga bandeira da Mesquita Vermelha num dos minaretes. As forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo e levaram horas para dispersar os manifestantes, que atacaram a polícia com paus e pedras. Muitos dos mortos no ataque ao hotel - que fica a apenas 500 metros da mesquita - eram policiais que aguardavam ordens para entrar em ação. "O suicida entrou no restaurante (do hotel) e detonou os explosivos entre os policiais. A polícia era o alvo", disse Javed Iqbal Cheema, porta-voz do Ministério do Interior. Khalid Pervez, funcionário de alto escalão, disse que as autoridades receberam a informação de que mais suicidas haviam entrado em Islamabad. Desde o assalto à Mesquita Vermelha, atentados quase diários têm ocorrido na região noroeste do país (fronteiriça com o Afeganistão), considerada refúgio de militantes da Al-Qaeda e do Taleban. Mais de 300 pessoas morreram nesses ataques. Além das pressões dos EUA para conter os militantes islâmicos, o presidente Pervez Musharraf, que tomou o poder em 1999, vem enfrentando um crescente movimento pró-democracia, que exige eleições antecipadas e sua renúncia à chefia do Exército.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.