Homicídios aumentam nos EUA à medida que restrições anticovid são levantadas

Número de casos no país cresceu entre 20% e 25% nos últimos doze meses; especialistas dizem que tendência não pode ser explicada por um único motivo

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Por Redação
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NOVA YORK - Um grande número de tiroteios neste fim de semana deixou dezenas de mortos e feridos nos Estados Unidos, no momento em que o país reabre a economia após controlar a disseminação do coronavírus. O registro expõe uma tendência de aumento no número de assassinatos com armas de fogo no país, que cresceram entre 20% e 25% em relação a doze meses atrás. 

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Especialistas afirmam que não há uma explicação única para a tendência, e que não há esperança de que ela diminua, conforme a pandemia desacelera. 

Veículos da imprensa local contabilizaram 12 mortos e ao menos 43 feridos somente em Chicago, enquanto em Nova York foram 30 feridos e um morto, em sua maioria atribuídos a disputas entre gangues, discussões em bares e em festas. Entre as vítimas, há pessoas sem qualquer relação com estes eventos.

Veículos da imprensa local contabilizaram 12 mortos e ao menos 43 feridos somente em Chicago, enquanto em Nova York foram 30 feridos e um morto Foto: Matt Rourke/AP

A adolescente Ronjanae Smith, de 14 anos, morreu, e outras 14 pessoas ficaram feridas em um show ao ar livre em North Charleston, na Carolina do Sul, no qual vários agressores abriram fogo, segundo a polícia. "A dor que sinto pela perda de Ronjanae só pode ser descrita como uma derrota", escreveu seu pai, Ronald Smith, em uma carta aberta. 

"Situações incendiárias"

Os especialistas dizem que o país está prestes a superar os mais de 20 mil assassinatos do ano passado, o nível mais alto desde 1995. 

Quando, no ano passado, o aumento dos assassinatos era evidente, muitos atribuíram-no às medidas impostas para conter a pandemia, como os confinamentos em casa e a perda de milhões de empregos.

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Também destacaram a facilidade para comprar munição: segundo uma estimativa do jornal The Washington Post, em 2020, foram vendidas cerca de 23 milhões de armas.

No entanto, a pandemia, os protestos e o sentimento antipolicial gerados em todo país pelo assassinato há um ano de George Floyd - e depois de outros negros pelas mãos de policiais - se somaram a outros fatores que contribuíram para o aumento das mortes, afirma Jeff Asher, criminologista e cofundador da AH Datalytics.

"Não existe uma explicação única (...). É uma mistura complexa de situações incendiárias, como a pandemia, a perda da legitimidade policial", afirma.

Os departamentos policiais de todo país se preparam para o feriado prolongado do Memorial Day, celebrado em 31 de maio, data que historicamente registra tiroteios.

Apesar das restrições impostas pela pandemia, no ano passado o número de mortos e feridos por disparos aumentou nessa data. /AFP

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