PUBLICIDADE

Homossexual é dispensado do Exército americano depois de ser denunciado

O motivo da dispensa foi uma política que proíbe homossexuais de servirem no Exército

Por Agencia Estado
Atualização:

Um sargento do Exército americano especialista em língua árabe foi dispensado do serviço militar sob uma política que proíbe militares homossexuais de servirem, apesar de ter dito que nunca admitiu sua preferência sexual. Bleu Copas, de 30 anos, disse à agência Associated Press que é homossexual, mas afirma que foi "denunciado" por uma série de e-mails anônimos enviados a seus superiores na 82ª Divisão Aérea de Fort Bragg, na Carolina do Norte. Ele afirma que nunca falou sobre sua sexualidade no Exército e suspeita que seu delator seja alguém que fingiu ser seu amigo ou que ele ignorou. "Eu sabia da política do Exército quando me alistei", disse o sargento em uma entrevista no campus da Universidade Estadual do Tennessee, onde ele faz mestrado. A série de e-mails anônimos sobre a sexualidade de Copas gerou uma investigação que durou oito meses e que culminou na sua dispensa, menos de quatro anos depois de ele ter se alistado. De acordo com os relatos do sargento, depois de ter recebido os e-mails com a denúncia, um dos seus superiores realizou uma reunião com os soldados e perguntou qual deles era gay. Mais tarde, ele reclamou com o superior afirmando que aquela pergunta violava a política de sigilo. Os investigadores do processo de Copas não conseguiram determinar quem o delatou. O comandante de Copas no 313º Batalhão de inteligência, tenente-coronel James Zellmer, disse que "as evidencias mostravam claramente que o sargento Copas era homossexual". "No final, a natureza e o volume de evidências e o próprio testemunho de Copas me levaram a dispensá-lo", acrescentou Zellmer. Segundo os investigadores, Copas "teve pelo menos três relacionamentos homossexuais, e está lidando com dois amantes ciumentos. Qualquer um dos dois poderia ser a fonte anônima que forneceu as informações". Copas foi entrevistado e se recusou a responder 19 das 47 questões propostas pelos investigadores. Ele diz que aceitou a dispensa para evitar mentir sobre sua sexualidade e correr o risco de ser processado por perjúrio, além de proteger outras pessoas envolvidas. O sargento exibe os papéis de dispensa que também mencionam os prêmios e citações para que ele possa documentar suas atividades no Exército para possíveis empregadores. Contudo, os documentos também descrevem o motivo de sua dispensa. Ele planeja recorrer à Junta Militar de Correção de Arquivos. Não Pergunte, Não Conte A política "Don´t Ask, Don´t Tell" (Não pergunte, Não Conte) estabelecida em 1993, proíbe militares de perguntarem sobre a vida sexual de membros em atividade, mas exige que aqueles que reconheçam abertamente sua homossexualidade sejam dispensados. A política está se tornando uma "arma eficaz de vingança nas Forças Armadas", disse o porta-voz da Rede de Defesa Legal de Membros em Serviço, Steve Ralls. A Rede aconselhou Copas e trabalha para extinguir a política ``Don´t Ask, Don´t Tell.´´ Mais de 11 mil militares já foram dispensados sob a política de sigilo sobre as preferências sexuais, incluindo 726 só no ano passado, um aumento de 11% em relação à 2004. O Gabinete de Contabilidade do Exército afirma que quase 800 dos militares dispensados por serem gays ou lésbicas tinham habilidades importantes, especialmente com idiomas. Cerca de 50 eram proficientes em árabe, incluindo Copas, graduado pela Linguagem de Defesa pela Universidade da Califórnia. A dispensa e a recontratação de novos militares custou ao Pentágono cerca de US$369 milhões, segundo o Centro de Estudos de Minorias Sexuais no Exército, da Universidade de Santa Bárbara, na Califórnia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.