Honduras expulsa diplomatas venezuelanos

Funcionários da embaixada em Tegucigalpa, no entanto, dizem que vão ignorar ordem.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

O governo interino de Honduras ordenou, nesta terça-feira, a saída dos diplomatas venezuelanos do país dentro de 72 horas. A vice-ministra das relações Exteriores do governo interino hondurenho, Martha Lorena Alvarado, disse que a medida foi tomada "porque o governo venezuelano fez ameaças às nossas Forças Armadas, se intrometeu em assuntos exclusivamente hondurenhos e desrespeitou nossa soberania". A chancelaria de Honduras também deve retirar seus funcionários de Caracas. Os diplomatas venezuelanos em Tegucigalpa, no entanto, afirmaram que irão ignorar o prazo para se retirarem, por "não reconhecerem" o governo interino de Honduras. "Nós não reconhecemos o governo de Roberto Micheletti. É um governo de fato, golpista, apoiado por armas", afirmou o encarregado de negócios, Uriel Vargas, em uma entrevista coletiva em frente à embaixada venezuelana em Tegucigalpa, de acordo com a rede de televisão Telesur. De acordo com o colaborador da BBC Mundo em Honduras, Eric Lemus, no entanto, Vargas e outro funcionário são as únicas pessoas que continuam trabalhando na embaixada, já que o governo venezuelano iniciou a retirada do pessoal de sua missão diplomática no país há uma semana. Reações internacionais O presidente venezuelano, Hugo Chávez, tem sido um dos maiores críticos do governo interino de Honduras. Chávez pediu para que os Estados Unidos pressionem mais o governo liderado por Roberto Micheletti retirando os militares americanos da base que o país possui em Honduras. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton disse na segunda-feira que Honduras poderia enfrentar o que chamou de graves consequências se o governo interino não acatasse os pedidos internacionais pela volta do presidente deposto, Manuel Zelaya. Os Estados Unidos já suspenderam US$ 16,5 milhões em ajuda militar e podem suspender outros US$ 200 milhões em empréstimos multilaterais. Nesta terça-feira a União Europeia disse estar estudando "formas diferentes" de pressionar pelo diálogo entre as duas partes. No dia anterior, o bloco, que condenou a tomada de poder, anunciou o congelamento de mais de US$ 90 milhões em ajuda para Honduras. Nenhum país reconheceu o governo interino de Honduras e tanto os Estados Unidos como a ONU e a OEA afirmaram reconhecer Zelaya como o presidente legítimo do país. Volta? Ocorreram protestos nesta terça-feira na capital de Honduras, Tegucigalpa, em favor de Zelaya. O presidente deposto, que se encontra na Nicarágua, disse que deve tentar voltar ao país já a partir desta quarta-feira, apesar de Micheletti ter dito que ele será preso se pisar em solo hondurenho. Líderes do protesto que reuniu cerca de 200 pessoas nesta terça-feira disseram acreditar que Zelaya voltará ao país na sexta-feira. Simpatizantes de Zelaya planejam uma greve geral para quinta-feira e sexta-feira. Zelaya foi deposto e expulso de Honduras no último dia 28 de junho. Uma tentativa de retornar ao país no início de julho fracassou depois que as autoridades bloquearam a pista de pouso do aeroporto de Tegucigalpa. A crise política eclodiu depois que Zelaya tentou fazer uma consulta pública para perguntar se os hondurenhos apoiavam suas medidas para mudar a Constituição. A oposição era contra a proposta de Zelaya de acabar com o atual limite de apenas um mandato por presidente, o que poderia abrir caminho para uma reeleição do atual presidente deposto. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.