
12 de agosto de 2019 | 06h13
Atualizado 12 de agosto de 2019 | 22h50
HONG KONG - As autoridades aeroportuárias de Hong Kong anunciaram nesta segunda-feira, 12, o cancelamento dos voos com pouso e decolagem previstos para o local em razão das manifestações que ocorreram nas instalações do aeroporto e que reúniram mais de 5 mil pessoas, segundo as forças de segurança. Os manifestantes marcharam pelo 10.º fim de semana consecutivo em diferentes regiões do território. O governo da China fala em sinais de terrorismo.
"Exceto os voos de partida que já concluíram o embarque e os que estão a caminho para pousar, todos os demais voos foram cancelados pelo restante do dia", anunciou a direção do aeroporto. O funcionamento do aeroporto somente foi retomado por volta das 8h da manhã de terça-feira em Hong Kong (noite de segunda-feira no Brasil). Os manifestantes gradualmente saíram do local, sem que a polícia precisasse intervir.
Mais cedo, a companhia aérea Cathay Pacific, pressionada pela China, advertiu que seus funcionários poderiam ser demitidos em caso de apoio ou participação nos "protestos ilegais" em Hong Kong.
A Direção Geral da Aviação Civil chinesa exigiu na sexta-feira da Cathay Pacific os nomes dos funcionários de seus voos com destino à China, ou que passem pelo espaço aéreo do país.
Pequim afirmou que os funcionários que apoiam o movimento pró-democracia não seriam autorizados a voar. A companhia aérea informou que atenderia às demandas.
"A Cathay Pacific tem uma política de tolerância zero a respeito de atividades ilegais. Em particular, no contexto atual, haverá consequências disciplinares para os funcionários que apoiem ou participem de protestos ilegais", afirmou a empresa em um comunicado. "As consequências podem ser graves e implicar a rescisão do contrato de trabalho."
O governo chinês afirmou nesta segunda que há sinais de terrorismo nas manifestações. "Os manifestantes radicais de Hong Kong recorreram em várias ocasiões a objetos extremamente perigosos para atacar os policiais, o que constitui um crime grave e revela sinais incipientes de terrorismo", disse o porta-voz do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macao, Yang Guang.
Para ele, que na semana passada advertiu que "quem brinca com fogo morre queimado", uma "minoria minúscula" é um "grave desafio à prosperidade e à estabilidade de Hong Kong". Guang disse ainda que alguns manifestantes chegaram a lançar coquetéis molotov nos policiais.
No distrito de Sham Shui Po, onde todas as manifestações foram proibidas, milhares de pessoas bloquearam as estradas com barricadas. A maioria vestia preto e usava capacetes amarelos, roupa que se tornou símbolo das manifestações em Hong Kong. Após o entardecer, houve confronto entre policiais e manifestantes.
Em Wan Chai e Causeway Bay os manifestantes bloquearam as ruas entoando o coro: "Recuperar o controle de Hong Kong é a revolução do nosso tempo".
A crise política em Hong Kong teve início há cerca de dois meses com protestos contra um projeto de lei que previa autorizar extradições à China. Apesar da suspensão da proposta, as manifestações continuam e pedem a renúncia da chefe do Executivo local, Carrie Lam, além do abandono definitivo do projeto.
Esta é considerada a pior crise política de Hong Kong desde 1997, quando o território foi devolvido pelo Reino Unido à China. / AFP
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.