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Hong Kong vive mais um dia de protestos violentos com políticos anti-governo

Candidatos pró-democracia reuniram apoiadores, iniciando ato não autorizado pela polícia; posteriormente, protestos que estavam agendados foram proibidos

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Por Redação
Atualização:

HONG KONG - Os protestos pró-democracia em Hong Kong voltaram a registrar confrontos neste sábado, 2, após a polícia ter proibido manifestações que tinham autorização para acontecer. A probição foi fruto de uma manifestação não autorizada que ocorreu antes, mobilizada por candidatos anti-governo às eleições. 

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O primeiro ato, no centro da cidade, foi convocado pelos 128 candidatos que se classificam como pró-democracia e se apresentaram às eleições dos Conselhos Distritais, que acontecerão no fim de novembro, para a realização de comícios, após as autoridades proibirem um protesto no local.

De acordo com as leis na região, cada aspirante a cargo pode reunir 50 pessoas, no máximo, sem que haja autorização da polícia. Dessa forma, com 128 candidatos se juntando, a aglomeração poderia contar com 6.400 partidários, sem que houvesse qualquer ilegalidade.

Policiais lançam jatos d'água para dispersar manifestantes em Hong Kong Foto: Ahmad Masood/Reuters

Mais de mil ativistas se concentraram no principal parque do centro da cidade, parte deles com máscaras, em claro desafio à proibição de participar de manifestações com o rosto coberto.

Houve uma advertência dos agentes antidistúrbios pelo uso das máscaras e pela não autorização da concentração. Como as pessoas não atenderam os agentes e não se dispersaram, os policiais lançaram gás lacrimogêneo contra a aglomeração.

Vários ativistas e, pelo menos, dois candidatos às eleições distritais, foram detidos e se juntam aos 2.600 presos desde o início dos protestos em Hong Kong, em junho deste ano.

"Não fazíamos nada ilegal, realizávamos comícios eleitorais e o fazíamos pacificamente. De alguma forma, a ação policial era esperada. Eles violaram as leis e as normas muitas vezes nos últimos meses", afirmou o candidato Adrian Lau.

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A partir da repressão dos agentes, grupos de manifestantes se dirigiram para a área que abrange as sedes do governo, do parlamento e da polícia, onde aconteceriam neste sábado outros protestos, estes autorizados pelas autoridades locais.

Manifestantes anti-governo reagem a bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia em Hong Kong Foto: Ahmad Masood/Reuters

Diante do grande número de pessoas que começaram a se reunir, houve bloqueio de acessos para o público, o que iniciou uma série de novos confrontos. Caminhões com canhões de água chegaram a ser utilizados para afastar as pessoas.

Manifestantes lançaram coquetéis molotov e pedras contra os homens das forças de segurança, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo.

Às 17h deste sábado (6h de Brasília), a polícia anunciou que estava invocando as leis de ordem pública e, diante da violência registrada, estava proibindo os atos anteriormente autorizados no distrito central de Hong Kong.

A medida acirrou os ânimos entre os manifestantes e os confrontos se intensificaram, com barricadas e mais ataques contra os agentes.

Os protestos em Hong Kong começaram em junho, como resposta a um projeto de lei sobre extradição à China apresentado pela governante do território, Carrie Lam, que já foi retirado pelo governo local.

O movimento, no entanto, se transformou em cobrança por melhora nos mecanismos democráticos e uma oposição cada vez maior as ingerências feitas pelo governo da China. Lam é alinhada aos interesses do governo de Xi-Jinping, um dos motivos para a continuação dos protestos. 

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Os confrontos registrados neste sábado em diversos pontos de Hong Kong deixaram um rastro de destruição, principalmente no chamado Distrito Central, inclusive com ataque à sede local da agência de notícias chinesa "Xinhua".

As portas de vidro da sede da agência "Xinhua" foram destruídas por um grupo, que ainda fez pichações no local e provocou pequenos focos de incêndio no interior do prédio da empresa, que foram rapidamente extintos.

A sede da polícia também foi alvo da ação de alguns manifestantes, que lançaram coquetéis molotov e paralelepípedos contra o local. / EFE

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