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Hospitais do Peru têm reuso de máscaras e sobrecarga nos hospitais

País já passa dos 17 mil casos e é o segundo mais atingido da América do Sul

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Por Redação
Atualização:

LIMA - Os hospitais do Peru lutam para conseguir lidar com o aumento do número de casos de contaminados com a covid-19, com corpos ficando em corredores, máscaras sendo usadas repetidamente e protestos entre profissionais da saúde preocupados com sua segurança.

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O país tem o segundo maior número de casos na América do Sul, logo depois do Brasil, apesar de uma forte quarentena para interromper o propagação do coronavírus.

Os casos confirmados aumentaram acentuadamente nos últimos dias, ultrapassando os 17 mil na terça, o dobro de apenas uma semana atrás. Quase 500 pessoas morreram. "Nós, como hospital, temos capacidade para apenas seis corpos", disse Deisy Aguirre, líder do sindicato de enfermeiras do Hospital Auxiliadora em Lima. "Diariamente, vemos de 13 a 16 corpos lotando o primeiro andar."

O Ministério da Saúde diz esperar que o número de pacientes atinja o pico dentro de alguns dias ou na semana seguinte. Na segunda-feira, dezenas de trabalhadores da saúde protestaram na frente do Hospital Maria Auxiliadora, segurando faixas que denunciam a falta de equipamentos de proteção, como máscaras.

Falta de equipamentos adequados para profissionais da saúde tem sido uma realidade em vários países Foto: ALFREDO ESTRELLA / AFP

Um médico no protesto que se recusou a dar seu nome forneceu um vídeo mostrando pelo menos quatro cadáveres cobertos com capas brancas e pretas em um corredor de hospital. Susana Oshiro, diretora do hospital, disse que o número de mortos havia excedido a capacidade do hospital, pois havia apenas espaço para seis corpos no necrotério.

"Agora temos um recipiente refrigerado para armazenar os corpos enquanto eles vêm coletá-los para cremação", disse ela. O espaço para 100 corpos está em operação desde segunda-feira, ela acrescentou. 

Até a cremação de restos mortais se tornou um problema, já que os seis crematórios de Lima estão com capacidade esgotada. Edgar González, chefe do crematório de Santa Rosa, afirmou que antes da pandemia eles cremavam 10 corpos por dia. Agora, a média chega a 30.

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Máscaras recicladas

O Peru relatou seu primeiro caso de coronavírus em 6 de março. O país chegou a mil infecções 25 dias depois. Duas semanas mais tarde, o total atingiu 10 mil casos. O governo também vem aumentando gradualmente a quantidade de testes, que totalizavam mais de 155 mil na terça, um dos níveis mais altos da região.

Na América Latina, apenas o Brasil tem mais casos confirmados, superando 40 mil. O Chile é o terceiro, com mais de 10 mil. Rosmini Ayquipa, outra enfermeira do Hospital María Auxiliadora, comentou que trabalhadores tiveram que usar as mesmas máscaras por vários dias seguidos. "Temos que usar três máscaras ao longo do mês para que possamos reutilizar. E o que aconteceu? Onde eu trabalho, colegas pegaram a doença", reclamou. 

Peru tem sofrido com falta de máscarasprincipalmente para profissionais da saúde Foto: Apu GOMES / AFP

Oshiro, diretora do hospital, disse que a denúncia está relacionada a máscaras do tipo N95, que todos queriam usar, mas foram dadas apenas ao pessoal envolvido no tratamento de pacientes com covid-19.

Ciro Maguiña, vice-reitor do Departamento de Medicina do Peru College, disse que 237 médicos em todo o país foram infectados até o momento, com nove em terapia intensiva usando respiradores mecânicos. Um médico morreu. Os números não incluem enfermeiros ou outros trabalhadores de saúde. / Reuters

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