Hospital Geral ainda aguarda reconstrução

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Quando o terremoto atingiu Porto Príncipe, há um ano, as 106 enfermeiras do Hospital da Universidade do Estado do Haiti (HUEH), o principal do país, estavam reunidas em um seminário. As colunas do amplo salão da conferência não resistiram aos 7 graus do sismo e todas morreram soterradas. Em 12 segundos, o HUEH tornou-se um hospital sem enfermeiras.Com a escola de enfermagem, o terremoto levou a sala de cirurgia, o laboratório farmacêutico e parte da ala de pediatria. Um ano depois, parte do entulho foi retirada. E só.A história do "Hospital Geral", como é conhecido nas ruas de Porto Príncipe o centro médico, segue o script clássico da reconstrução haitiana. Após a tragédia, EUA e França prometeram demolir o que havia restado do hospital e reconstruí-lo do zero. O custo da obra foi estimado em US$ 60 milhões, explica o diretor do centro médico, Alix Lasseque, em seu amplo consultório de papéis empilhados e paredes sujas. "Mas não sabemos quando as construções começarão."O hospital é público e tem parcerias pontuais com ONGs internacionais. Apesar das promessas de governos estrangeiros, a maior parte da ajuda humanitária recebida pela instituição após o terremoto foi de médicos haitianos que vivem nos EUA e Canadá. Boa parte deles é de ex-alunos do hospital, que, ao saber da tragédia, embarcaram para Porto Príncipe como voluntários. Infraestrutura precária. Além da destruição provocada pelo terremoto, o maior centro médico do Haiti sofre ainda os tradicionais problemas do país mais pobre da América. Os salários são baixos, o equipamento é precário e a procura pelo atendimento é alta.Grades e portões separam a fila do pronto-atendimento, onde velhos e crianças aguardam como podem, dos consultórios. Uma ala - cada vez mais vazia - foi especialmente designada aos pacientes com cólera.PARA LEMBRAREpidemia matou mais de 3.700 A epidemia de cólera que castiga o Haiti desde meados de outubro matou 3.759 pessoas e contaminou outras 181 mil. A doença é uma infecção bacteriana causada pela ingestão de água ou alimento contaminado por fezes. A suspeita de que a enfermidade teria sido trazida pelos soldados nepaleses da missão da ONU causou uma onda de violência e mortes. A doença reapareceu no Haiti depois que intensas chuvas atingiram o país. O principal foco de infecção é o Rio Artibonite, que atravessa o Haiti.

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