Hotéis, restaurantes e comércio: os setores mais afetados pela greve na França

Governo francês pediu trégua durante o Natal e incentiva consumidores a fazerem compras localmente; comerciantes calculam queda de até 30% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado

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Por Redação
Atualização:
Membros de sindicatos franceses e trabalhadores em greve participam de manifestação em Paris, na terceira semana de paralisações por todo o país. Foto: REUTERS/Charles Platiau

PARIS - A greve dos transportes na França contra reforma do sistema previdenciário entra em sua terceira semana e alguns setores, como hoteis, restaurantes e lojas, para os quais o período do Natal é crucial, começam a sentir as consequências. Alerta do Instituto Nacional de Estatística da França aponta que, caso as paralisações continuem amplas e durante todo feriado de Natal, o cálculo de crescimento poderá ser revisto e diminuído. No entanto, segundo o órgão, ainda é cedo para produzir uma estimativa macroeconômica sobre o impacto da greve.

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Comércio parisiense em alerta vermelho

Os comerciantes parisienses registraram, na semana passada, queda de 25% a 30% em suas vendas, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a federação de comércio especializado Procos. O Conselho de Comércio da França (CdCF) apresentou a cifra de 20% de queda. Entre as empresas mais afetadas figuram perfumarias, lojas de brinquedos e chocolates.

Paris é a cidade mais afetada. Nas grandes cidades da província, "a atividade continua, não de maneira eufórica, mas é estável", disse o presidente da CdCF, William Koeberlé.

Neste contexto, o governo francês pediu "trégua"  durante o Natal e incentiva os franceses a fazerem suas compras em lojas próximas. Mas a situação não é positiva para o comércio online. Segundo a federação do setor, a Fevad, as vendas retrocederam 4% entre os dias 5 e 9 de dezembro, em comparação com o ano passado.

Restaurantes e hotéis vazios

Desde o início da greve, a nível nacional, os hotéis registraram queda de 30% em seu volume de negócios; cafés e bares, 40% e restaurantes, 45%, segundo pesquisa da qual participaram 6 mil estabelecimentos, disse o porta-voz do sindicato GNI-Synhorcat, Franck Trouet. A situação é particularmente "catastófica" em Paris, lamentou o copresidente da União de Profissões e Indústrias de Hotelaria (Umih), Franck Delvau. "Não temos reservas", afirmou.

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Transporte e logística impactados

A greve tem um "impacto catastrófico" no setor de transportes e de logística, afirmou a União de Empresas de Transporte e Logística da França (TLF). Transporte de mercadoria por estradas, mar e ferrovias: "toda a cadeia" está afetada, explicou a organização. "Esta greve terá implicações muito fortes a longo prazo para nossas empresas", disse o presidente da TLF, Eric Hémar.

Cartazes de sindicatos em empresas de logística. Greve atinge toda a rede de transportes parisiense e trabalhadores estão na terceira semana de paralisação. Foto: REUTERS/Charles Platiau

A situação é particularmente "alarmante" nos portos, onde a greve é ampla, indicou o sindicato, afirmando que o congestionamento nos terminais levou a desvio dos navios para outros portos. Esta observação é compartilhada por seis organizações representativas do setor, que afirmaram, em declaração conjunta, que a cadeia logística portuária está correndo "perigo econômico".

Combustível, correio e caixas pouco afetados

Algumas refinarias foram bloqueadas nos primeiros dias de greve, o que atrasou embarques. "Mas estamos muito longe de uma escassez", assegurou o presidente da União Francesa de Indústrias Petroleiras (Ufip), Francis Duseux. Segundo ele, apenas 170 postos de gasolina, de um total de 11 mil, registram falta de um ou mais produtos.

O correio também é afetado, mas pouco. "Nossas equipes estão mobilizadas neste período de final de ano para que os presentes de Natal cheguem a tempo", disse um porta-voz dos correios franceses.

Paralisações tentam barrar projeto de reforma previdenciária do governo de Macron. Foto: REUTERS/Charles Platiau

Por sua vez, o Banco da França disse estar "extremamente atento" ao fornecimento dos caixas eletrônicos, mas a situação segue "satisfatória" no momento, declarou o diretor de atividades fiduciárias da instituição, Cristophe Baud Berthier. / AFP

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