Hu Jintao diz que corrupção ameaça regime, mas defende Partido Comunista

Presidente da China admite que governo deve melhorar sua postura e responder críticas populares

PUBLICIDADE

Atualização:

PEQUIM - O presidente da China, Hu Jintao, alertou nesta quinta-feira, 8, aos futuros líderes do país que a corrupção ameaça o Partido Comunista e o próprio Estado, mas que o partido deve manter o controle para enfrentas as crescentes agitações sociais.

 

PUBLICIDADE

Em discurso a mais de 2 mil delegados do congresso partidário, Hu admitiu que a insatisfação popular com a corrupção e com questões como a degradação ambiental afetoaram o apoio ao partido e levaram a um aumento no número de protestos.

 

Em outros trechos, ele prometeu reforma política, mas descartou copiar a democracia em estilo ocidental. Salientou também a necessidade de fortalecer as Forças Armadas e proteger o território marítimo, em meio a disputas com o Japão e nações do Sudeste Asiático.

 

"Combater a corrupção e promover a integridade política, o que é uma importante questão política de grande preocupação para o povo, é um compromisso político claro e de longo prazo para o partido", disse Hu.

 

"Se não conseguirmos tratar bem essa questão, ela pode se provar fatal para o partido, e até causar o colapso do partido e a queda do Estado. Devemos assim fazer esforços persistentes para combater a corrupção", acrescentou.

 

O discurso foi feito no Grande Salão do Povo, em Pequim, no início de um congresso partidário de uma semana que irá lançar um processo de sucessão que acontece a cada década no país mais populoso do mundo.

 

Apesar da importância do evento e do foco em questões delicadas, como reformas e corrupção, as declarações não foram consideradas excepcionais, pois reforçaram ideias e temas já existentes.

Publicidade

 

"Foi um relato bastante conservador", disse Jin Zhong, editor da revista independente Open Magazine, de Hong Kong, especializada em política chinesa. "Não há nada lá que sugira qualquer progresso nas reformas políticas." Durante o congresso, Hu vai transferir o cargo de secretário-geral do Partido Comunista para o vice-presidente Xi Jinping, que em março assumirá a Presidência do país. Mas os preparativos para essa sucessão acabaram sendo ofuscados nos últimos meses pelo escândalo envolvendo o ex-dirigente comunista Bo Xilai. O partido o acusa de ter recebido subornos e cometido abuso de poder para acobertar o assassinato de um empresário britânico cometido pela mulher de Bo na cidade de Chongqiing, onde ele era o chefe partidário local. Embora Hu não tenha citado nominalmente Bo -outrora visto como candidato a assumir um cargo nacional -, ele deixou poucas dúvidas sobre seu alvo. "Todos aqueles que violam a disciplina partidária e as leis estatais, seja quem for e qualquer que seja o poder ou posição oficial que tenha, devem ser trazidos à Justiça sem misericórdia", disse Hu aos delegados. "Funcionários graduados devem... exercer rigorosa autodisciplina e fortalecer a educação e a supervisão sobre suas famílias e seus funcionários, e nunca devem buscar nenhum privilégio." O jornal The New York Times disse em outubro que a família do primeiro-ministro Wen Jiabao acumulou pelo menos US$ 2,7 bilhões em "riquezas ocultas", informação que o governo chinês qualificou de difamação. O Congresso do Partido Comunista termina em 14 de novembro, quando a nova composição do Comitê Permanente do partido, seu órgão mais importante, será revelada. Só Xi e seu vice, Li Keqiang, têm lugares garantidos entre os sete integrantes. Cerca de oito candidatos disputam as demais vagas, em deliberações que são feitas a portas fechadas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.