Humala acusa Garcia de buscar confronto com Chávez

O candidato presidencial peruano disse que condena as interferências de Chávez, mas acusou seu adversário, Alan Garcia, de alimentar a crise diplomática

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Por Agencia Estado
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O candidato presidencial peruano Ollanta Humala afirmou nesta quinta-feira que "condena" a ingerência do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nas eleições no Peru, mas culpou seu adversário, o ex-presidente Alan García, pela crise. "Deploro e condeno a ingerência, mas cada um tem a sua personalidade", disse o candidato em entrevista ao programa Imprensa Livre da rede de TV América. Para ele, o conflito só beneficia os partidário de um tratado de livre-comércio entre Peru e Estados Unidos. A candidatura do nacionalista, um militar reformado, é apoiada abertamente por Chávez. Humala admitiu haver visitado a Venezuela cinco vezes para, segundo disse, "construir uma agenda política", mas disse que também se reuniu com os presidentes do Brasil, da Argentina e da Bolívia. Negou, no entanto, que esteja "formando um Eixo". Ele pediu para "pôr panos quentes" na polêmica entre Peru e Venezuela, para tentar sair da crise na Comunidade Andina (CAN). "Apostamos na Comunidade Andina. Fico preocupado com a conjuntura política", disse. "García insultou um presidente. Nós rejeitamos as ofensas, dos dois lados. Mas para mim García não tem porte de estadista", disse Humala, ressaltando que Chávez cometeu "um erro" e "não deveria ter se intrometido" nas eleições peruanas. Chávez anunciou na quinta-feira, na Bolívia, sua decisão de retirar seu embaixador em Lima, Crúz Martinez. O Peru já havia feito o mesmo com seu representante em Caracas, Carlos Urrutia, em protesto contra as "constantes intromissões" do líder venezuelano. O venezuelano vem trocando ofensas com García, adversário de Humala no segundo turno, marcado para 4 de junho. O candidato nacionalista prometeu, se eleito, sugerir aos países da Comunidade Andina a negociação de um tratado de livre-comércio com os Estados Unidos para todo o bloco. Humala negou ter violado os direitos humanos quando comandava uma base militar na floresta peruana em 1992, durante a guerra interna contra o grupo terrorista Sendero Luminoso. Admitiu, no entanto, ter "combatido" o terrorismo e disse que se comportou "como um soldado honrado". Crise diplomática Inicialmente, Chávez lançou suas críticas contra a candidata presidencial Lourdes Flores, então favorita nas pesquisas, mas freou seus comentários depois de protestos de Lima contra sua interferências em temas internos. A situação culminou na retirada dos embaixadores e a troca de insultos entre Chávez e Garcia do Partido Aprista Peruano. O conflito entre a Venezuela e o Peru se originou na quinta-feira passada quando Chávez ameaçou retirar seu embaixador de Lima caso Garcia fosse eleito. Garcia respondeu à ameaça do chefe de Estado venezuelano classificando-o de "primitivo" e afirmou que o governo de Lima deveria pedir que os organismos o sancionem.

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