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Humala assume no Peru repetindo bordões de Lula

Presidente peruano anuncia que governará 'um Peru para todos' e lança programa semelhante ao SAMU

Por Tania Monteiro e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Ao lado do líder do Congresso peruano, Humala (dir.) presta juramento

 

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LIMA - O presidente Ollanta Humalla assumiu nesta quinta-feira, 28, o governo do Peru pelos próximos cinco anos, repetindo slogans e promessas feitas pelo ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Humalla anunciou que governará "um Peru para todos", repetindo o bordão "Brasil, um País de todos", de Lula.

 

 

Humala insistiu que sua prioridade é crescimento econômico com inclusão social, defendendo a necessidade de todo peruano ter direito a duas refeições diárias – café da manhã e almoço. Lula falava em três refeições, incluindo o jantar. Apesar da completa semelhança, Humala falou no discurso que "não quer copiar modelos", mas reconheceu que "tomará exemplos que deram certo, construindo um caminho próprio".

 

Foram inúmeras as promessas de Humala em seu primeiro discurso como presidente. Depois de anunciar que será "um soldado da República, do Estado de direito e da liberdade de imprensa", anunciou, sob aplausos de um Congresso lotado, o aumento do salário mínimo, que passaria do valor correspondente de R$ 340 para R$ 436. No Brasil, o mínino vale R$ 545.

 

Cada cidade, um hospital

 

Humala prometeu a construção de um hospital em cada cidade do país e a criação de um programa chamado SAMO – serviço atenção móvel de urgências, uma espécie de SAMU brasileiro; acesso aos medicamentos genéricos, e a redução do preço do GLP (gás de cozinha), sem produzir distorções ou permitir o contrabando, e uso de parte dos recursos dos lucros das mineradoras que operam no Peru para promover a inclusão social, por meio de negociação com os empresários, sem rompimento de contratos.

Avisou também que ampliará o programa "Juntos", de transferência de renda, e que hoje atende 470 mil pessoas, expandindo para todos os moradores dos 800 distritos mais pobres do país. Hoje, 34% da população peruana - mais de 10 milhões de pessoas - vivem na pobreza extrema. Será criado também no Peru um Conselho Desenvolvimento Econômico e Social, com representantes da sociedade civil, com caráter consultivo, uma espécie de Conselhão.

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Humala 'paz e amor'

 

Luis Favre, que participou ativamente da primeira campanha de Lula, foi um dos auxiliares próximos do novo presidente peruano, que ajudou a transformá-lo em "Humala paz e amor", em contraponto ao truculento Humala chavista derrotado nas eleições de 2006. Ele ajudou a elaborar o discurso de posse do peruano e estava ontem em Lima acompanhando de perto a posse do amigo.

Alan Garcia, que deixou o governo, não compareceu à cerimônia de transmissão da faixa presidencial no Congresso. Com apenas quatro dos 130 votos no final do mandato, apesar de ter 50% de popularidade, ele preferiu não ir à solenidade, temendo ser hostilizado como ocorreu em 1990, quando deixou a presidência pela primeira vez. Garcia quer ser candidato novamente em 2016.

Aplausos e vaias

 

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A fala de Humala foi muito aplaudida, durante quase uma hora de discurso. Mas o novo presidente enfrentou um pequeno protesto no início de seu discurso, ao avisar que estava jurando a Constituição de 1979 e não a de 1983, escrita sob o governo de Alberto Fujimori. "Ollanta presidente", começaram a gritar, tentando abafar os ataques ao novo presidente. A presidente brasileira Dilma Rousseff participou da cerimônia, ao lado de outros 14 chefes de governo.

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Em seu primeiro discurso, Ollanta Humala avisou que vai respeitar os contratos das empresas nacionais e internacionais, embora entenda que o lucro das empresas mineradoras terá de ser renegociado para garantir recursos para os programas sociais, insistindo que acabará com a exclusão social. “Vou reparar as injustiças e reinstalar o diálogo com a sociedade”, disse ele, acrescentando que irá combater a violência e a criminalidade e que combaterá a corrupção “para que ela seja eliminada”.

Humala insistiu que todos os contratos nacionais e internacionais serão honrados, uma preocupação dos peruanos, que temiam que ele não seguisse a politica econômica de Alan Garcia. O agora ex-presidente estava garantindo crescimento de 8% ao ano ao país.

 

O novo líder falou ainda que haverá uma nova relação no Peru, onde não existirá nem um Estado mínimo, nem um Estado intervencionista e prometeu a construção de novas hidrelétricas, respeitando o meio ambiente.

O novo presidente, que é um coronel da reserva do Exército, reformado quando participou de uma tentativa de golpe contra o governo Fujimori, afirmou que assumia "em missão de paz e não de guerra" e que trabalhará "sem vingança e sem rancor".

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