Humala ''paz e amor'' assume o cargo hoje

Com discurso moderado, líder peruano toma posse com um gabinete que reúne nomes de direita na economia e esquerdistas nas principais pastas

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Por Tania Monteiro
Atualização:

ENVIADA ESPECIAL / LIMA - Ampliação radical da inclusão social, com a ajuda do Brasil, e manutenção da estabilidade econômica. Com essas duas promessas básicas debaixo do braço o militar da reserva Ollanta Humala, de 48 anos, assume hoje o comando do Peru para um mandato de cinco anos. A presidente Dilma Rousseff, que confirmou presença na posse, foi a primeira chefe de Estado a receber a visita de Humala, três dias após a eleição. A presidente embarcou ontem à noite para Lima. Humala deve reforçar junto a Dilma, numa conversa informal dentro da solenidade da posse, o pedido já feito para que o Brasil forneça tecnologia do Bolsa Família/Brasil sem Miséria para ampliar e tornar mais eficiente o programa peruano de inclusão social chamado "Juntos". O programa peruano não tem um cadastro confiável e apresenta fragilidades na área da fiscalização. O Peru é um país com 30 milhões de habitantes, um terço morando em Lima, a capital, e 34% de sua população vive na pobreza extrema. Em 2001, esse numero era de 49%. Continuidade. Humala venceu a eleição apresentando-se como fiador de uma administração onde não haverá rompimento com o modelo econômico atual. Afastando-se da influência do ex-padrinho político, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e sempre clonando o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, ele se apresentou na campanha como "Humala paz e amor" e fez uma Carta ao Povo Peruano. Depois de eleito, ele deu aos agentes econômicos o sinal mais claro de continuidade: anunciou que manteria no cargo o presidente do Banco Central, Julio Velarde, e passaria o vice-ministro de Economia e Finanças, Luiz Castillo, a titular da pasta. Na prática, resumem os analistas, Humala montou um governo dominado pela direita na economia e a esquerda nas pastas sociais e de administração política. As relações externas serão comandadas pelo cientista político Rafael Roncagliolo, um nome conhecido entre as alas "progressistas" peruanas. Pode ser que o presidente Alan García não compareça, hoje, cerimônia de transmissão de cargo, para entregar a faixa ao sucessor. Apesar de deixar o cargo com 50% de popularidade, García tem pouco apoio no Congresso e teme ser hostilizado na solenidade, como ocorreu em1990, quando deixou o cargo, depois de cumprir seu primeiro mandato presidencial de cinco anos. García tem dito que não quer atrapalhar a festa, que é de quem está chegando ao governo. Muitos políticos conversaram ontem com García, tentando demovê-lo da ideia de não ir ao Congresso, insistindo que a presença dele reforçaria o ambiente de normalidade institucional do país.

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