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Hungria realizará referendo sobre projeto de cotas de refugiados

Premiê conservador, conhecido por erguer cerca na fronteira, diz que voto será teste para a democracia europeia

Atualização:

BUDAPESTE - O primeiro-ministro da Hungria, o conservador Viktor Orbán, anunciou nesta quarta-feira que seu governo organizará um referendo sobre o plano europeu de cotas obrigatórias para distribuir os refugiados entre os países-membros do bloco.

“Você quer que a União Europeia (UE) disponha, sem o consentimento do Parlamento (da Hungria) sobre o assentamento de cidadãos não húngaros na Hungria?”, disse Orbán. “Esta será a pergunta da consulta e o Executivo apoiará o ‘não’.”

Premiê húngaro anuncia que realizará referendo sobre cotas de refugiados Foto: Szilard Koszticsak/AP

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“Quem votar pelo ‘não’ votará pela independência da Hungria”, afirmou o premiê, que se opôs desde o início ao sistema de cotas obrigatórias para realocar os refugiados.

Orbán não especificou quando o referendo será realizado. “A democracia é uma das bases mais importantes da UE. Não podemos tomar decisões sem consultar o povo”, acrescentou. Nos últimos meses, ele criticou várias vezes as políticas europeias na atual crise migratória.

“A pergunta mais importante é sobre quem compõe a nação”, avaliou primeiro-ministro. Ele afirmou que uma instituição supranacional não pode impor decisões tão importantes e voltou a dizer que os refugiados põem em perigo a identidade europeia, por redefinir o mapa étnico, religioso e cultural da região.

“Estas cotas modificariam a identidade cultural e religiosa da Europa”, acrescentou Orbán, insistindo que “nem Bruxelas nem nenhuma instituição europeia tem direito a isso”.

A Hungria, juntamente com outros países do Leste Europeu, como Polônia, República Checa e Eslováquia, se opõe ao sistema de cotas fixado em setembro. O governo de Budapeste já havia apresentado, em dezembro, um recurso contra a decisão no Tribunal Europeu de Justiça.

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Segundo o sistema de cotas, a Hungria, país de 10 milhões de habitantes, deveria receber 2.352 refugiados. O governo de Orbán fechou em outubro suas fronteiras com cercas para barrar a entrada de refugiados e ofereceu ajuda material e humana à Macedônia para também proteger as fronteiras do país com uma cerca.

Orbán disse nesta quarta-feira que “o caminho escolhido pelo governo (húngaro) é parte da política europeia” e encorajou outros países a seguir a mesma solução contra a adoção de cotas. O primeiro-ministro húngaro disse que o referendo – o primeiro do gênero na Europa – será um grande teste para a democracia no bloco. A UE não comentou o anúncio, dizendo apenas que estava tentando entender o que realmente Orbán estava propondo. / EFE

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