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Ícone do jornalismo, Walter Cronkite morre aos 92 anos

Âncora da CBS por quase 20 anos, cobriu com emoção eventos que marcaram a história dos EUA

Por AP
Atualização:

O ex-âncora da TV CBS Walter Cronkite, que ficou conhecido como "o homem mais confiável dos Estados Unidos", morreu ontem aos 92 anos em sua casa em Nova York, acompanhado de sua família. Ele estava doente havia alguns anos. Segundo seu filho Chip, Cronkite morreu de complicações de uma doença vascular cerebral. Cronkite apresentou o programa CBS Evening News de 1962 a 1981. Cobriu durante esse período fatos que marcaram a história dos EUA, como o assassinato do presidente John F. Kennedy, o programa espacial Apollo, o assassinato de Martin Luther King Jr., a Guerra no Vietnã, o escândalo Watergate e a crise dos reféns americanos no Irã. Toda noite, por cerca de 20 anos, milhões de americanos assistiram a seu programa para acompanhar os principais eventos do dia, narrados por Cronkite que, com uma voz profunda e confiante, tornou o CBS Evening News o principal noticiário dos EUA até sua aposentadoria em 1981. Como âncora e repórter, Cronkite descreveu guerras, desastres naturais, explosões nucleares, levantes sociais e voos espaciais. No dia em que Kennedy foi assassinado, em 22 de novembro de 1963, Cronkite perdeu brevemente a compostura ao anunciar que o presidente tinha sido declarado morto em um hospital em Dallas. Ele tirou os óculos de armação negra e enxugou uma lágrima, repercutindo a emoção de milhões de americanos. INFLUÊNCIA "Sou um apresentador de noticiários, um âncora, um editor-chefe, não um comentarista ou analista", disse em 1973 em entrevista a The Christian Science Monitor. No entanto, quando ele dava sua opinião o impacto era grande. Em 1968, ele visitou o Vietnã para fazer um raro programa especial sobre a guerra. Cronkite chamou o conflito de um impasse e defendeu uma paz negociada. O presidente Lyndon Johnson assistiu ao programa, escreveu Cronkite em seu livro de memórias Vida de Repórter, de 1996, citando a descrição da cena feita por Bill Moyers, então assessor de Johnson. "O presidente teve um estalo e disse ?se eu perdi Cronkite, perdi metade da América?", lembrou Moyers. Em 1977, suas entrevistas com o presidente Anwar Sadat, do Egito, e o primeiro-ministro Menachem Begin, de Israel, foram fundamentais para a visita de Sadat a Jerusalém. Mais tarde os dois países assinaram um acordo de paz. Ele acompanhou a corrida espacial nos anos 60 com uma clara fascinação. "Nossa, olhem essas imagens", disse enquanto Neil Armstrong pisava na Lua em 1969. Em 1998, pela CNN, ele voltou ao Cabo Canaveral para cobrir a volta de John Glenn ao espaço após 36 anos.

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