Ícones Luther King e JFK inspiram candidato

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Por Patrícia Campos Mello , Denver e EUA
Atualização:

Há exatos 45 anos, o reverendo Martin Luther King eletrizou 200 mil pessoas em Washington com seu discurso I have a dream, pregando a justiça e a igualdade em plena era de segregação racial nos EUA. Barack Obama tinha 2 anos quando King, em 1963, afirmou: "Sonho que algum dia essa nação se levantará e experimentará o verdadeiro significado de sua crença. Consideramos que essas verdades são evidentes: todos os homens foram criados iguais." Agora, Obama, primeiro negro a ser o candidato a presidência de um grande partido, tenta traduzir em palavras todo o peso histórico de sua candidatura - e haja expectativa. Obama precisa honrar o legado de Martin Luther King, mas ao mesmo tempo tem de tornar sua retórica grandiosa um pouco mais prosaica, para se comunicar com os eleitores de classe média baixa. O local escolhido para o discurso - o Estádio Invesco, que comporta 75 mil pessoas - contradiz um pouco a tentativa da campanha de se tornar mais prosa e menos poesia. Mas a escolha está cheia de simbolismo: o último candidato a aceitar a indicação em um estádio foi John F. Kennedy, em 1960. Não por acaso, a campanha de Obama gosta de compará-lo a esses dois ícones, King e Kennedy. Dois filhos de Luther King, Bernice e Martin Luther King III, falaram ontem à noite, antes do discurso do Obama, além do Al Gore Em sua participação-surpresa na quarta-feira, após o discurso do vice em sua chapa, Joe Biden, Obama tentou explicar a escolha do estádio: "Nós vamos para o estádio amanhã (ontem) e quero que vocês saibam o porquê: queremos que todas as pessoas que queiram vir possam juntar-se aos nossos esforços para recuperar a América." O palco foi projetado pelo grupo de cenógrafos da cantora Britney Spears - que é estrela do anúncio em que os republicanos acusam Obama de ser uma celebridade vazia. E Obama falou emoldurado por colunas gregas. Os republicanos não perdoaram: chamam o palco de "Obamápolis", dizendo que mostra a arrogância de Obama, que se acha "Zeus". Democratas lembraram que o palco do discurso da indicação de George W. Bush também tinha colunas gregas. Obama, que freqüentemente cita trechos de Luther King, como a "feroz urgência do agora", inspirou-se nos ex-presidentes Bill Clinton, Ronald Reagan e JFK para escrever o discurso de ontem, que foi revisado por vários de seus "escritores de discursos". A procura por ingressos foi tanta, que mais de 30 mil pessoas ficaram na fila de espera. Os ingressos foram distribuídos gratuitamente pela campanha para 40 mil moradores do Colorado e o restante para delegados, familiares, partidários e jornalistas. Cambistas vendiam os ingressos por até US$ 1 mil ontem. O cantor Stevie Wonder, o rapper Will.i.am, autor do hit Yes, you can, que se transformou no hino de Obama no YouTube, e a cantora Sheryl Crowe se apresentaram.

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