O ideólogo do brutal regime do Khmer Vermelho no Camboja (1975-1979), Nuon Chea, disse nesta segunda-feira em um tribunal que ele e seus camaradas não eram "más pessoas", negando a responsabilidade pela morte de aproximadamente 1,7 milhão de cambojanos durante a ditadura maoista no país do Sudeste Asiático. Nuon culpou o Vietnã pelo genocídio.O desafio de Nuon ocorreu durante seu interrogatório pelo tribunal apoiado pelas Nações Unidas, que julga três dos líderes sobreviventes do Khmer Vermelho acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, perseguição religiosa, tortura e homicídio. O Khmer, um grupo comunista maoista que chegou ao poder em 1975 quando derrubou a monarquia, instituiu um reinado de terror no Camboja até 1979. Todos os três julgados negaram as acusações.Após tomar a capital Phnom Penh em 17 de abril de 1975, o Khmer começou a deportar 1 milhão de habitantes para o interior, tentando implantar uma utopia agrícola comunista maoista. Até 1979, a estimativa é que 1,7 milhão de cambojanos foram mortos pelo Khmer, não apenas nas deportações, mas também de fome e nos massacres nos campos de trabalhos forçados.Nuon, ex ideólogo do movimento com 85 anos, insistiu que nenhum cambojano é responsável pelas atrocidades cometidas na década de 1970, nem mesmo ele. "Foram os vietnamitas, e não os cambojanos, que mataram cambojanos", afirmou. O Vietnã, também comunista, embora da linha soviética, apoiou um movimento de resistência contra o Khmer no Camboja e em 1979 invadiu o país vizinho, derrubando o brutal regime maoista. Os outros acusados pelo tribunal pelo genocídio no Camboja são Khieu Samphan, um ex-chefe de Estado de 80 anos, que em novembro negou responsabilidade pelas atrocidades, e Ieng Sary, de 86 anos, que rejeitou se apresentar ao tribunal, alegando que recebeu um perdão em 1998. O líder supremo do Khmer, Pol Pot, morreu em 1998 nas selvas cambojanas, quando estava em prisão domiciliar, detido por uma facção dissidente do sanguinário movimento.As informações são da Associated press.