PARIS - O homem de 84 anos que admitiu ser o autor do ataque a uma mesquita na França queria 'vingar a destruição' da Catedral de Notre-Dame, informou nesta terça-feira, 29, o gabinete do promotor que investiga o caso. O autor do atentado atribuiu aos muçulmanos a autoria do incêndio na catedral, em 15 de abril.
Na tarde de segunda-feira, 28, o agressor, identificado como Claude Sinké, tentou incendiar uma mesquita na cidade de Bayonne, no sudoeste do país, e atirou contra dois homens, de 74 e 78 anos, que o flagraram durante o ataque. Sinké já se candidatou a cargos locais e assume uma posição de extrema direita. Os feridos, ambos em estado grave, foram levados a um hospital e estão em condição estável, segundo informações oficiais divulgadas nesta terça-feira.
De acordo com o promotor Marc Mariée, Sinké disse durante o interrogatório que 'queria vingar a destruição da catedral de Paris'. A Catedral de Notre-Dame sofreu sérios danos em um incêndio que, segundo os investigadores, foi acidental. Para Sinké, o fogo teria sido causado pelos muçulmanos.
"Todo o seu depoimento traz à tona seu estado de saúde mental e por isso foi levado a um psiquiatra para determinar sua responsabilidade civil", disse o promotor.
O idoso admitiu que queria incendiar a mesquita, mas afirmou que não tinha intenção de matar ninguém. Segundo Mariée, o agressor disse que "foi ao templo várias vezes para ter certeza de que agiria em um momento de pouco movimento".
Transtornos psicológicos
Claude Sinké havia se candidatado pelo partido de extrema direita Frente Nacional (atual Agrupamento Nacional) às eleições regionais de 2015, mas se distanciou do partido desde então.
Mike Bresson, vice-prefeito da cidade natal de Sinké, Saint-Martin-de-Seignanx, disse que ele era conhecido entre seus vizinhos por seus 'excessos verbais'.
"Dava a impressão de ser alguém com distúrbios psicológicos. Ele não gostava de pessoas da esquerda ou do centro, e poucos da direita", contou.
Segundo o jornal local Sud-Ouest, o idoso enviou uma carta exaltada às autoridades e promotores de Bayonne na semana passada, para apresentar denúncias contra o presidente Emmanuel Macron.
O jornal chegou a receber uma cópia da carta, mas não a divulgou porque continha declarações 'discriminatórias, xenófobas e difamatórias'.
O ataque à mesquita aconteceu enquanto os dois homens preparavam o templo para as orações da tarde.
Sinké se aproximou do prédio num carro e lançou um artefato incendiário contra a porta lateral da mesquita, relatou o prefeito de Bayonne, Jean-Rene Etchegaray. "As duas pessoas saíram, e ele fez os disparos, atingindo uma no pescoço e a outra no tórax e no braço. Em seguida fugiu."
A polícia pôde encontrar o autor do ataque e detê-lo em casa graças a testemunhas que anotaram a placa de seu carro. Uma fonte próxima da investigação disse que Sinké admitiu ser o autor dos disparos.
Na segunda-feira, em postagem no Twitter, Macro condenou o que chamou de 'ataque atroz'. "A república nunca tolerará o ódio", escreveu o presidente. "Será feito tudo que for possível para punir os autores e proteger nossos compatriotas muçulmanos. Comprometo-me com isso." /AFP