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Idosos vivem manhã de horror em asilo

Dois dormitórios ficaram destruídos

Por Gustavo Chacra , Nahariyah e Israel
Atualização:

Idosos estavam reunidos no refeitório do asilo Ziberman, na cidade costeira de Nahariyah. Não fosse por sua localização, a 10 km da fronteira com o sul do Líbano, lembraria um pouco o Guarujá. Casas e prédios baixos, alguns restaurantes turístico e muitos idosos, que buscam o ar do Mediterrâneo e as ruas planas e arborizadas de Nahariyah para manter a saúde. Na mesa, havia pães, bolo de laranja e suco. A cozinheira ainda não havia levado a coalhada e os queijos. E nem deu tempo. Às 7h40, um foguete Katiusha lançado por um suposto grupo palestino que atua no território libanês atingiu o telhado do andar superior do asilo, perfurou o chão e foi parar na cozinha. No caminho, destruiu dois banheiros e dois quartos. A cozinheira ficou ferida, assim como Haya Blum (ironicamente, seu nome significa "viva" em hebraico), de 90 anos, que teve de ser internada pelo choque do ataque. Caso o foguete tivesse sido disparado dez minutos antes, pelo menos os moradores dos quartos teriam sido mortos. Mas se caísse dez metros antes, a tragédia teria sido bem maior. Certamente a maior parte dos idosos poderia ter morrido. "Foi um milagre", disse a proprietária do asilo, Rava Carmeli. O quarto atingido, em meio a escombros, ainda guardava alguns detalhes, como os desenhos de gatos e flores enviados pelos netos da moradora. Nos corredores, em meio a jornalistas e militares israelenses, cadeiras de roda e andadores. No banheiro, um buraco do Katiusha no teto e no chão. O foguete já havia sido retirado pelo Exército. Os idosos foram levados temporariamente para outro asilo. O governo de Israel comprometeu-se a reconstruir o prédio. "Não dá para acreditar. Havíamos acabado de sentar para o café da manhã. Por minutos nos salvamos", disse ao Estado Henry, marido de Rava. A mulher dele afirmou que, não fosse o conflito, esta poderia ser a parte mais bonita da costa do Mediterrâneo, entre Israel e o Líbano. A favor da ofensiva israelense em Gaza, ela afirma que sente também pelas vítimas palestinas. "Elas não têm culpa que militantes do Hamas guardam armamento em suas casas", disse. O segurança Bentsi Leibovitch disse que a cidade é de pessoas comuns, pobres. Segundo ele, "o restante do mundo tem de entender que Israel é um país pequeno, que busca se defender". Questionado se achava correta a forma como os ataques israelenses na Faixa de Gaza estavam sendo realizados, provocando a morte de civis palestinos, ele disse que não. "Servi em Ramallah e todos palestinos que conheci eram legais", afirmou. A divisa costeira de Israel com o Líbano é justamente onde se localiza a base das forças de paz da ONU, na cidade libanesa de Naqura. Não se sabe ao certo de onde foram disparados os quatro foguetes que caíram ontem em Nahariya e perto do kibutz Kabri. Apesar das recentes ameaças, o Hezbollah negou qualquer envolvimento nos disparos.

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