CHENGDE-CHINA - A Igreja Católica da China, apoiada pelo regime comunista, ordenou no sábado um bispo que não teve a aprovação do Papa Bento XVI, apesar de um assessor do papa ter classificado a atitude como "vergonhosa" e "ilegítima".
A ordenação de Guo Jincai, na igreja de Pingquan na cidade de Chengde, foi feita em meio à um forte esquema de segurança em que dezenas de policiais bloquearam o caminho para a imprensa. No entanto, havia também um espírito festivo, com luzes coloridas e tradicionais penduradas do lado de fora da igreja. Fiéis tiravam fotografias.
Não ficou claro se os bispos leais ao Papa foram obrigados pelo governo a participar da cerimônia, como temia o Vaticano.
A ordenação, a primeira sem a aprovação papal na China em quase cinco anos, ameaça minar as relações já tensas entre a China e o Vaticano. A Santa Sé advertiu que as tentativas de reconciliação seriam perdidas se os seus bispos fossem obrigados a comparecer à cerimônia. O cardeal de Hong Kong Joseph Zen, um alto assessor de Bento XVI, disse que a gestão foi "ilegítima" e "vergonhosa".
A China obrigou os católicos do país a acabar seus laços com o Vaticano em 1951 e só é permitido praticar a religião em igrejas apoiadas pelo Estado. No entanto, milhões de chineses participaram de congregações não-oficiais leais ao papa.
As relações melhoraram desde que Bento XVI foi alçado ao Vaticano e as disputas sobre as nomeações para os líderes da igreja oficial haviam sido evitadas através de um diálogo silencioso. Isso levou à ordenação de vários bispos, com a aprovação da Santa Sé.
No entanto, Guo não contou com o apoio do Vaticano, talvez porque ele foi secretário-adjunto da Associação Patriótica Católica da China, o grupo estatal que controla as igrejas católicas do país.