Imagem de preparo e pragmatismo favorece Hillary

Eleitores da democrata defendem necessidade de alguém que consiga vencer e liderar país nos fronts interno e externo

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Por ALEXANDRIA E FAIRFAX e VIRGÍNIA
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Experiência, preparo e pragmatismo são algumas das qualidades apontadas por eleitores para justificar o voto em Hillary Clinton, que busca pela segunda vez a nomeação do Partido Democrata às eleições presidenciais dos EUA. A ex-secretária de Estado, ex-senadora e ex-primeira-dama se apresenta como herdeira política de Barack Obama, que a derrotou nas prévias realizadas em 2008. 

Hillary promete manter e expandir a reforma do sistema de saúde implementada pelo atual presidente e aprovar uma reforma do sistema de imigração que abra caminho para obtenção de cidadania pelos 11 milhões de estrangeiros que vivem sem documentos no país. 

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Apelidada de Obamacare, a mudança na saúde é atacada por todos os candidatos republicanos à Casa Branca, que também rejeitam políticas favoráveis aos imigrantes.

No confronto interno do partido com o senador social-democrata Bernie Sanders, Hillary é vista por seus eleitores como a mais realista. Para eles, a ex-secretária de Estado tem mais chances que o seu adversário de vencer as eleições gerais de novembro, na qual seu provável rival será Donald Trump. 

“Ela é a mais qualificada e tem chances de ganhar. Sanders está um pouco à esquerda e teria problemas para se eleger”, disse o aposentado Ron Luxenberg, depois de votar em Hillary nas primárias democratas da Virgínia.

A maioria dos eleitores acredita que a ex-secretária de Estado é a mais preparada entre todos os candidatos para enfrentar temas relacionados à política externa. Esse é um dos pontos em que suas propostas destoam um pouco das de Obama. Hillary tem posições mais agressivas e intervencionistas que as de seu ex-chefe. Na Síria, por exemplo, ela defende a criação de zonas de exclusão aérea e um apoio mais efetivo aos rebeldes que lutam contra Bashar Assad. 

Sua passagem pelo Departamento de Estado também está na origem de duas de suas fragilidades eleitorais exploradas pelos republicanos: o ataque a um complexo diplomático dos EUA em Benghazi, na Líbia, e o uso de um servidor privado para abrigar seu serviço de e-mails. No primeiro caso, seus adversários sustentam que ela ocultou das famílias das quatro vítimas do ataque o fato de que elas foram alvo de uma ação terrorista. 

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Em relação aos e-mails, os republicanos afirmam que a decisão de Hillary colocou em risco informações confidenciais. A ex-secretária rebate as duas acusações e sustenta não ter cometido qualquer irregularidade.

Mas a exploração dos dois episódios debilitou a imagem da candidata e agravou o que analistas consideram a sua principal fragilidade: a percepção de que ela não é confiável. Em outubro, 42% dos eleitores democratas consideravam Hillary “honesta e confiável”. Em janeiro, o porcentual havia caído para 36%, segundo pesquisa ABC News/Washington Post.

Jerry Schneider descartou dúvidas sobre o caráter da candidata e fez campanha para ela ontem em frente a um colégio de Fairfax. 

“Ela tem posições semelhantes às minhas e apresenta propostas que podem ser implementadas”, afirmou. Segundo ele, Hillary também é a única que pode vencer a provável candidatura Trump em novembro. “Ele me assusta”, disse Schneider, que é judeu e neto de imigrantes poloneses. Para Schneider, a vitória democrata é crucial porque o próximo presidente terá a possibilidade de indicar de dois a três juízes da Suprema Corte, onde alguns dos temas fundamentais da sociedade americana são definidos. 

Na avaliação do consultor Peter Tabor, os Estados Unidos não estão na situação calamitosa pintada pelos republicanos. “Economicamente, nós estamos bem”, observou. A experiência e possibilidade de vitória na eleição presidencial foi o principal fator a definir seu voto em Hillary. “Quero alguém que possa ganhar e liderar o país.”

Holly Johnson apresentou uma justificativa mais direta para votar em Hillary: “Ela é a pessoa mais sã. Todos os outros parecem um pouco loucos.”

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