Imame iraniano rejeita incentivos internacionais na crise nuclear

Secretário do Conselho de Guardiães - considerado a voz dos aiatolás - disse que os iranianos não aceitarão dar "um passo atrás" na posição de seu país

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Por Agencia Estado
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O imame Ahmad Jannati, secretário do Conselho de Guardiães - considerado a voz dos aiatolás -, disse nesta sexta-feira em Teerã, durante o sermão religioso, que os incentivos oferecidos pela comunidade internacional para que o Irã suspenda o programa nuclear não são úteis para o povo iraniano. "O pacote que trouxeram foi feito para eles, não serve ao povo do Irã", disse o aiatolá Jannati na mesquita da Universidade de Teerã. O imame acrescentou que nem o povo, nem as autoridades civis, nem o líder supremo da Revolução Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei, aceitarão dar "um passo atrás" na posição de seu país, que insiste em manter seus planos de enriquecimento de urânio. O clérigo iraniano afirmou que a situação do conflito devido ao programa nuclear de seu país "demonstrou que a resistência e a bravura podem ter êxito contra as conspirações dos inimigos". A Europa e os EUA queriam assustar o Irã com "ameaças", explicou Jannati, que disse que a resistência do povo obrigou esses países a reconsiderarem sua postura e admitirem que o Irã "dispõe de parte dessa tecnologia". Apesar da mudança de postura, Jannati advertiu sobre os riscos da oferta da comunidade internacional, que, segundo ele, nega "muitos dos direitos do Irã". Jannati, em seguida, dirigiu-se à multidão, que gritava "a energia nuclear é nosso direito". Em resposta, o imame respondeu que a população conseguiria "este indispensável direito". Além disso, o alto responsável iraniano acrescentou que o país "deve enriquecer urânio a um nível entre 3,5 e 5%, e eles (os ocidentais) têm que aceitá-lo". "Ninguém está contra o diálogo, no entanto, este princípio não pode ser ignorado", afirmou. O sermão de Jannati é feito um dia depois que as últimas revelações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmassem que Teerã continua com seu polêmico programa de enriquecimento de urânio, contra as exigências da comunidade internacional. Na terça-feira, quando o responsável da diplomacia européia, Javier Solana, apresentava em Teerã os incentivos internacionais para convencer o Irã a suspender a produção de urânio enriquecido, técnicos iranianos iniciaram uma nova etapa do processo. O Irã "introduziu urânio em gás (UF6) no dia 6 de junho em uma cascata de 164 centrífugas" na usina piloto de enriquecimento de urânio em Natanz, afirma um relatório confidencial emitido na quinta-feira em Viena pela AIEA.

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