Imigração lidera prioridades da agenda papal

Multidão formada por americanos e imigrantes de várias nacionalidades e religiões acompanhou as palavras de Francisco

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Por Cláudia Trevisan
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WASHINGTON - As primeiras palavras públicas do papa Francisco em Washington deixaram claro que a situação dos imigrantes estará no topo de suas prioridades na visita que realiza aos EUA. "Como filho de uma família de imigrantes, estou feliz por ser um convidado neste país, que foi construído em grande parte por famílias desse tipo", disse o pontífice no discurso feito pela manhã nos jardins da Casa Branca. A poucos metros, milhares de pessoas acompanhavam a cerimônia em telões colocados na Avenida Constituição, onde Francisco realizou um cortejo no papamóvel depois de se reunir com o presidente Barack Obama. Grande parte do público era formada por mexicanos, salvadorenhos e filipinos, que vivem de maneira regular ou não nos EUA. Hispânicos, especialmente mexicanos, respondem por um terço dos quase 70 milhões de católicos americanos. A Igreja é favorável a uma reforma do sistema de imigração que permita a inclusão dos 11 milhões que vivem de maneira irregular no país sob o permanente risco de serem deportados. "O papa não faz distinção entre as pessoas", disse Jessica Martinez, que estava entre os que foram ver Francisco. Mexicana, ela não respondeu quando a reportagem do Estado perguntou se sua situação nos EUA era regular, mas disse ter esperança de que as palavras do papa influenciem os políticos de Washington e os leve a aprovar a reforma do sistema de imigração, proposta por Obama. "Depende se vão escutá-lo ou não." Sheila Lim trocou as Filipinas pelos EUA em 2004 e hoje é cidadã americana. Católica, ela vai à igreja todos os domingo e ontem aguardava para ver o papa. "Espero que ele ajude a mudar as coisas aqui", disse. "Ele fala sobre os imigrantes, sobre os refugiados da Síria e tem um grande poder de persuasão." Americanos que integravam a multidão à espera do papa também elogiavam suas posições. "Estou realmente impressionada com sua mensagem e seu carisma", afirmou Maria Nunez, que nasceu no Texas e há 12 anos vive em Washington. "O papa acredita que ajudar os sem-teto, os imigrantes e os refugiados da crise síria que buscam uma vida melhor para suas famílias", disse. A bordo do papamóvel, Francisco foi recebido aos gritos por um grupo diverso, de diferentes nacionalidades, idades, raças e credos. Munidos de celulares e tablets, eles tentavam captar imagens do pontífice, que acenava para a multidão. Protestante seguidora da Igreja Episcopal, Virginia Malncure disse que estava "entusiasmada". "Ele tem uma grande mensagem de perdão para todos, é aberto e entende as dificuldades que as pessoas enfrentam", afirmou. Pepe Mejía, do México, levou o filho de 9 anos. "Acho importante pelo que ele representa para o mundo com sua mensagem de paz e unidade", disse. "O papa diz que somos iguais, não importa de onde venhamos." 

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