PUBLICIDADE

Imigrante ilegal que trabalhou para Trump estará em discurso do Estado da União

Deputada democrata convidou Victorina Morales, que veio da Guatemala e trabalhava ilegalmente em um hotel da Organização Trump, para assistir de perto o discurso do presidente dos EUA na noite de terça-feira, 5

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Os democratas armaram uma pegadinha para o presidente dos EUA, Donald Trump, em seu discurso do Estado da União, nesta terça-feira, 5, no Congresso. Sabendo que um dos pontos centrais seria a imigração e a necessidade da construção de um muro na fronteira com o México, convidaram Victorina Morales para assistir de perto.

Victorina Morales, imigrante guatemalteca empregada em clube de golfe de Donald Trump, alega ter sofrido agressões físicas de seu superior Foto: Christopher Gregory/The New York Times

PUBLICIDADE

Em dezembro, Victorina, uma doméstica em situação ilegal nos Estados Unidos empregada por um clube de golfe de propriedade do presidente americano, Donald Trump, afirmou que decidiu revelar sua identidade e sua situação trabalhista em razão dos maus tratos por parte de seu supervisor no campo de golfe, incluindo o que ela descreveu como "abuso físico" em três ocasiões.

Depois de o jornal New York Times revelar o caso envolvendo Victorina e uma ex-funcionária do resort em uma extensa matéria publicana na quinta-feira, a imigrante guatemalteca conversou também com o diário The Washington Post, dessa vez acompanhada por seu advogado.

Ela relatou sua situação trabalhista precária, os maus-tratos sofridos e até abusos físicos provocados por seu supervisor. Victorina contou que lavou as roupas de Trump, arrumou a cama e esfregou os banheiros na mansão onde o presidente ficava.

Ela continuou trabalhando lá mesmo depois que ele chegou à presidência e aumentou sua retórica anti-imigrantes, culpando-os pela criminalidade, pela perda de empregos e por uma série de outros problemas sociais. Ela descreveu o abuso verbal e humilhação que ela e outros trabalhadores ilegais sofreram e disse que seus supervisores sabiam sobre seu status. 

Várias empresas de Trump usam sistema eletrônico para verificar situação legal de trabalhadores; clube de golfe de Bedminster, em New Jersey, é uma das que não está no E-Verify Foto: AP Photo/Julio Cortez

Victorina nunca voltou a trabalhar no clube depois de ir a público e passou os últimos dois meses defendendo a reforma da imigração. Desde que ela veio a público, o clube demitiu cerca de 20 outros imigrantes sem documentos. 

Ela e três ex-colegas se reuniram na semana passada com os senadores Cory Booker e Bob Menendez, ambos democratas, pedindo que investigassem as práticas de contratação das Organizações Trump e protegessem os imigrantes que trabalhavam lá.

Publicidade

Foi nessa ocasião que a deputada Bonnie Watson Coleman convidou Victorina para comparecer ao discurso do Estado da União como convidada. “Eu só gostaria de pedir a ele para reformar o sistema de imigração. Há milhões de nós aqui, e o país depende de nós”, disse Victorina.

O distrito eleitoral de Watson Coleman inclui a cidade de Bound Brook, uma comunidade da classe trabalhadora onde Victorina vive com o marido e três filhos. Coleman disse que quer que Trump olhe para ela quando falar sobre os “perigos” dos imigrantes ilegais. 

“Espero que o presidente reconheça a verdadeira face dos imigrantes neste país – mulheres e crianças fugindo da violência, cumpridores da lei, pagadores de impostos que fariam quase tudo para ser americanos”, disse Watson Coleman. “E, se ele não puder, convidei Victorina para que ele possa olhá-la em seus olhos e contar suas mentiras.” 

Trump construiu sua campanha presidencial de 2016 em torno de uma postura linha dura contra a imigração ilegal. Ele defende a construção de um muro ao longo da fronteira entre os EUA e o México, deportações em massa dos imigrantes sem documentos e uma expansão do E-Verify, a ferramenta online do governo federal para verificar se os funcionários são legalmente qualificados para trabalhar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.