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Imigrantes realizam boicotes e protestos nos EUA

Atos têm como objetivo conscientizar os EUA sobre o poder econômico dos imigrantes

Por Agencia Estado
Atualização:

Centenas de imigrantes e ativistas faltaram, nesta segunda-feira, em seus trabalhos e escolas, não fizeram compras e participaram de marchas no chamado "Dia Sem Imigrantes" - uma tentativa de mostrar o poder político e econômico que têm nos Estados Unidos. Em uma das primeiras manifestações, cerca de 1.200 pessoas marcharam na cidade rural de Homestead, onde vive uma das maiores populações de imigrantes mexicanos dos Estados Unidos. O local é conhecido também por suas grandes plantações de frutas, verduras e flores. O salvadorenho José Cruz, de 23 anos, disse que faltou em seu trabalho na construção para ver a marcha. "Apesar de perder meu trabalho, vale a pena", disse Cruz, que tem visto de trabalho no país. Alguns imigrantes trabalharam normalmente nesta segunda-feira (o 1º de maio não é feriado nos Estados Unidos), mas não fizeram compras como parte de um boicote econômico em todo os EUA. Outros pensavam em assistir às manifestações após o trabalho. Também foi planejado serviços religiosos, piqueniques e correntes humanas. Nos cinco distritos que formam a cidade de Nova York, milhares de trabalhadores saíram na pausa do almoço para se unir a outros partidários durante 20 minutos. "Isso simbolizará a interdependência de toda a sociedade, não apenas dos imigrantes", disse Chung Wa Hong, diretor executivo da Coalizão de Imigrantes de Nova York. Empresas fechadas Algumas grandes empresas permaneceram fechadas durante o dia: seis das 14 fábricas da granja avícola Perdue não funcionaram nesta segunda-feira; a vinícola Gallo de Sonoma, na Califórnia, deu folga aos seus 150 empregados; Tyson Foods, a primeira produtora mundial de carnes, pensava em fechar cinco de suas nove fábricas processadoras de carne bovina e quatro de carne suína. Em Denver, Colorado, o Centro Humanitário, grupo sem fins lucrativos de ajuda a diaristas, fechou nesta segunda-feira porque seus diretores organizaram uma marcha de dezenas de milhares de pessoas. Em Carmel, Indiana, Jeff Salsbery, dono de uma empresa de jardinaria, disse que cerca de 25 trabalhadores hispânicos de sua empresa faltaram hoje ao trabalho. "Não estou muito feliz nesta manhã", disse. "Fechamos no nosso mês mais produtivo do ano. Isto irá me custar milhares de dólares". Em New Orleans, milhares assistiram a um ato com cartazes que diziam "orgulhosos de reconstruir" e "viemos para trabalhar". Roberto Aguilar, trabalhador mexicano de Atlanta, Geórgia, afirmou que foi despedido no mês passado por ter participado de uma manifestação. Mesmo assim, disse que voltará a protestar nesta segunda-feira. "Se não sairmos, nos tacharão de criminosos" disse. "Só viemos ganhar dinheiro com nosso suor." Dia Sem Imigrantes Graças ao êxito das manifestações anteriores e a atenção dada pela imprensa, foram planejados atos em todo o país para o chamado "Dia Sem Imigrantes". Na véspera dos protestos, cerca de 3 mil pessoas fizeram um ato para os direitos dos imigrantes em Lynwood, bairro hispânico de Los Angeles. Os organizadores pediram aos residentes e aos comerciantes que aderissem ao boicote. Os organizadores de base das mobilizações protestam contra as leis de imigração que estão sendo discutidas no Congresso e esperam que os acontecimentos desta segunda-feira conscientizem os EUA sobre o poder econômico dos imigrantes.

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