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Impasse bloqueia acordo na reta final da Conferência do Clima da ONU

Por Afra Balazina , DURBAN e ÁFRICA DO SUL
Atualização:

A 17ª Conferência do Clima da ONU, a COP-17, em Durban, passava por um impasse e, por volta das 2h40 de hoje, os negociadores presentes na África do Sul ainda não tinham chegado a um consenso. A Venezuela e a Arábia Saudita eram alguns dos países que mais discordavam da negociação, repetindo o que ocorreu na COP-15, em Copenhague.A presidente da COP-17, a sul-africana Maite Nkoane-Mashabane, fez um apelo para que os países aprovassem os textos e, assim, fortalecessem o multilateralismo. A COP-17 ganhou ontem o título de reunião mais longa da história para definir como os países vão combater as mudanças climáticas. Muitos ministros e delegados deixaram Durban - principalmente representantes dos Estados-ilha e das nações menos desenvolvidas - e havia a possibilidade de suspensão do encontro por falta de quórum. Mas a reunião continuou e a plenária final da COP-17 ainda não havia começado até o fechamento desta edição. As duas primeiras plenárias, uma sobre o Protocolo de Kyoto e outra sobre as ações de longo prazo que os países deverão fazer para combater as mudanças climáticas, tiveram muitos desentendimentos. Na primeira, Claudia Salerno, representante da Venezuela, criticou a União Europeia e a falta de ambição do documento. Na plenária informal que ocorreu depois dessas duas negociações, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado afirmou que os países não podiam "perder de vista a importância política" que tinham em mãos. Ele se referia ao fato de a negociação conseguir trazer os EUA e a China para um acordo com força de lei a partir de 2020. "Temos a oportunidade de abrir uma nova era de cooperação no contexto da Convenção do Clima. Vamos trabalhar para o sucesso da COP na África aprovando os textos que estão em sua consulta."O chefe da delegação americana, Todd Stern, não se manifestou sobre o texto do Protocolo de Kyoto, pois seu país nunca ratificou esse tratado. Falou sobre o documento das ações de longo prazo, que o texto não era perfeito, mas que apoiava sua adoção.Numa plenária informal realizada mais tarde, o representante da Noruega pediu aos países que não se insultassem mutuamente e se imbuíssem do espírito de Mahatma Gandhi para fazer da conferência um sucesso - o famoso indiano morou em Durban por muitos anos. Lentidão. A COP-17 deveria ter terminado na sexta, mas no fim da tarde de ontem ministros ainda negociavam a portas fechadas para tentar fechar um pacote com a continuação do Protocolo de Kyoto e definir um roteiro para o futuro acordo global, com metas obrigatórias de cortes de emissão de gases-estufa para todos os países, a partir de 2021. Para o Brasil, a prioridade era garantir um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, já que sua primeira fase termina em dezembro de 2012.

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