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Impeachment de Trump: confira os destaques dos principais depoimentos

Comissão de Inteligência da Câmara dos Deputados ouviu durante cinco dias os primeiros depoimentos públicos no inquérito

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O inquérito do processo de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve a primeira fase de audiências públicas na Câmara dos Deputados ao longo desta semana.

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Durante cinco dias, ex e atuais diplomatas do governo americano no exterior e funcionários da Casa Branca falaram sobre os detalhes da articulação do governo Trump com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, e suas impressões pessoais sobre a política americana. 

Caso não haja mais audiências na Comissão de Inteligência, o processo será encaminhado para avaliação da Comissão Jurídica, e somente com o aval desta poderá ser levado ao Senado americano. 

Veja os destaques dos principais depoimentos: 

William Taylor

A primeira audiência pública do inquérito do impeachment foi marcada pelo depoimento do embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, William Taylor. 

No fim de outubro, ele indicou em um testemunho a portas fechadas aos deputados que o governo estava condicionando apoio à Ucrânia ao andamento das investigações sobre negócios do filho de Joe Biden, adversário político de Trump.

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Já em novembro, Taylor revelou que Trump questionou o embaixador dos EUA para a União Europeia, Gordon Sondland, sobre as investigações. A pergunta foi feita durante uma ligação realizada em julho, acompanhada por um integrante da equipe de Taylor.

Ele afirmou que o integrante de sua equipe questionou Sondland sobre o que Trump pensava sobre a Ucrânia. “Embaixador Sondland afirmou que Trump se preocupa mais com as investigações sobre Biden, as quais (Rudy) Giuliani vinha pressionando”, afirmou Taylor.

Marie Yovanovitch

No dia 15 de novembro, a ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, Marie Yovanovitch, afirmou que Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump e também investigado no inquérito do impeachment, trabalhava em conjunto com um procurador ucraniano corrupto para afastá-la do cargo, em um momento em que ele tentava persuadir a Ucrânia a realizar duas investigações que beneficiariam politicamente o presidente republicano.

Ao deixar a Casa Branca, Trump tentou distanciar-se de seu embaixador na UE e disse não conhecê-lo muito bem Foto: Erin Scott/Reuters

Posteriormente, Yovanovitch afirmou que ficou “chocada, assustada e devastada” em relação aos comentários de Trump feitos ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, no telefonema de julho – objeto da denúncia anônima que levou à abertura do inquérito do impeachment pela Câmara.

Mesmo tendo sido afastada antes, em maio, Trump disse que a ex-embaixadora “passaria por algumas coisas”. Yovanovitch virou um ícone para outros diplomatas pelo seu trabalho para acabar com a corrupção na Ucrânia.

Alexander Vindman

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Em 19 de novembro, o principal especialista do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca (NSC, em inglês) sobre a Ucrânia, Alexander Vindman, considerou "inadequado" o suposto pedido feito por Trump ao presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que investigasse seu rival político, Joe Biden

"Eu estava preocupado com a ligação. O que ouvi foi inapropriado. Era inapropriado para o presidente dos Estados Unidos exigir que um governo estrangeiro investigasse um oponente político", disse Vindman. 

Em seu depoimento, Vindman argumentou que este ano ele percebeu que o então procurador-geral ucraniano, Yuri Lutsenko, e o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, "promoveram uma narrativa falsa que prejudica a política dos EUA na Ucrânia".

Principal especialista da Casa Branca sobre Ucrânia, ele ouviu pessoalmente a ligação realizada no dia 25 de junho, na qual Donald Trump pediu a Zelenski que investigasse Biden e alertou seus superiores sobre o caso, pois considerou que seu pedido "não era apropriado".

O testemunho de Vindman é especialmente relevante, pois foi ele quem quebrou o argumento de Trump de que todas as testemunhas da investigação tinham informações de "segunda ou terceira mão" sobre suas supostas pressões sobre Kiev.

Gordon Sondland

O embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland, disse que Trump ordenou, através de seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, o "quid pro quo", expressão que significa o popular "toma lá, da cá", em relação à Ucrânia, com o objetivo de investigar Biden. 

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"O senhor Giuliani estava expressando os desejos do presidente dos EUA, e sabíamos que essas investigações (sobre Biden) eram importantes para o presidente", disse Sondland. 

Sondland também reconheceu a existência do "canal paralelo" que este ano redefiniu a política de Washington em relação a Kiev, formada por ele, pelo secretário de Energia, Rick Perry, e pelo enviado especial para a Ucrânia, Kurt Volker. O eixo é conhecido como "os três amigos" e, seguindo as ordens de Trump, coordenou a política para Kiev com Giuliani. 

"O secretário Perry, o embaixador Volker e eu trabalhamos com Rudy Giuliani em assuntos ucranianos, sob a direção expressa do presidente dos Estados Unidos", afirmou.

Sondland também afirmou que seguia ordens de Donald Trump no caso ucraniano. "Estávamos seguindo as ordens do presidente", disse o diplomata.

Laura Cooper

A autoridade do Pentágono responsável pela Ucrânia, Laura Cooper, testemunhou que a Ucrânia manifestou preocupação com a retenção da ajuda americana de quase US$ 400 mil em julho, antes do que se sabia até agora, o que significa que Kiev estava ciente do congelamento no momento de uma polêmica ligação telefônica entre Trump e Zelenski. 

Cooper disse que recebeu e-mails em 25 de julho, mesma data do telefonema, dizendo que a embaixada ucraniana em Washington e a Comissão de Relações Exteriores da Câmara estavam perguntando sobre a assistência. 

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"Eu diria que, especificamente, a equipe da embaixada ucraniana perguntou: 'O que está acontecendo com a assistência de segurança ucraniana?'", disse Cooper. 

Perguntada pelo presidente da Comissão, o deputado democrata Adam Schiff, se os ucranianos estavam "preocupados", Cooper respondeu: "Sim, senhor". 

Fiona Hill

A ex-diretora do Conselho de Segurança Nacional para Rússia e Europa, Fiona Hill, depôs no dia 21, último da primeira rodada de audiências públicas na Comissão de Inteligência da Câmara dos Deputados. Ela afirmou que a teoria em que acreditam alguns republicanos e o presidente acerca de que a Ucrânia - e não a Rússia - interferiu nas eleições de 2016 é parte de um esforço de Moscou para "fragilizar" os Estados Unidos.

"No curso dessa investigação, pedi-lhes que não promovessem informações falsas com intenção política, que de forma tão clara beneficiam interesses russos", pediu Hill. "Essa é uma narrativa fictícia construída e propagada pelos próprios serviços de segurança russos", assegurou.

Várias testemunhas que depuseram durante a investigação disseram que Trump acreditava que a Ucrânia é o país que interferiu nas eleições presidenciais de 2016, e que estava obcecado sobre o tema.

A falsa narrativa inclui entre seus detalhes a menção a um servidor informático secreto que teria sido escondido pelos democratas e que é controlado pela empresa de cibersegurança ucraniana Crowdstrike.

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