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Helio Gurovitz: Impeachment e ‘comedimento democrático’

Para manter a democracia, não basta seguir a lei, é preciso haver comedimento, diz cientista político americano que lança livro sobre a erosão das instituições até a consolidação de autocratas

Por Helio Gurovitz
Atualização:

Democracias não acabam mais como antes, em golpes de Estado violentos. Definham aos poucos, com a progressiva erosão das instituições, até a consolidação de autocratas. É o recado de Venezuela, Turquia ou Rússia, analisado pelos cientistas políticos Steven Levitsky e Daniel Ziblatt no best-seller Como as Democracias Morrem, com lançamento previsto para setembro no Brasil.

+ ‘Eleger presidente autoritário é risco à democracia’, afirma professor de Harvard

Steven Levitsky, professor da Universidade de Harvard, autor do best seller "How Democracies Die", participa de apresentação noInsper, em São Paulo Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA

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Preocupados com o governo Donald Trump, eles apresentam critérios objetivos para analisar o risco da degradação de regimes democráticos. Em apresentação no Insper, em São Paulo, Levitsky aplicou-os ao Brasil. O deputado Jair Bolsonaro, diz ele, satisfaz aos quatro quesitos que prenunciam autocratas. Mas o maior risco para a democracia brasileira está na polarização aguda, resultante do impeachment de Dilma e da prisão de Lula.

“Não foi golpe”, afirma. Embora legal e não escandalosa (como no Paraguai de Fernando Lugo), a deposição de Dilma exigiria, no entender dele, mais consenso que conflito entre os atores políticos. “O sarrafo para um impeachment deveria ser mais alto.” Para manter a democracia, não basta seguir a lei. É preciso ter “comedimento democrático” e saber não usá-la quando for transformar adversários em inimigos e acirrar os ânimos para rupturas. A dúvida é se, na campanha de 2014 ou mesmo antes, não faltou comedimento ao próprio PT.

Um ímã que repele capital estrangeiro

O Brasil é o país que cobra mais impostos das empresas estrangeiras, numa amostra levantada para o último estudo do economista francês Gabriel Zucman, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, conhecido pelas pesquisas sobre fortunas em paraísos fiscais.

Os entes misteriosos nos comícios de Trump

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Toda manifestação de apoio a Trump nos Estados Unidos reúne agora participantes do movimento Qanon, cujos cartazes celebram uma figura enigmática, conhecida apenas pela letra Q. Popular nos fóruns subterrâneos da internet, Q é identificado como integrante renegado do “estado profundo”, que revela os horrores tramados contra Trump nos intestinos do governo. Em suas teorias conspiratórias, Q já previu a prisão de Hillary Clinton e esquerdistas anti-Trump, o desbaratamento de redes de pedofilia e antecipou uma ordem de Trump proclamando um “estado militar temporário” para resgatar o controle do país.

Outro sentido para o aquecimento econômico

Cada grau Fahrenheit de aumento na temperatura americana no verão reduz o crescimento do PIB em 0,15 ponto porcentual, de acordo com análise dos economistas Riccardo Colacito, Bridget Hoffman e Toan Phan. No outono, a mesma alta tem impacto positivo de 0,1 ponto porcentual. Na média, os efeitos têm se anulado, mas as simulações para os anos entre 2070 e 2099 revelam que o aquecimento global poderá fazer o PIB americano cair entre 0,4 e 1,2 ponto porcentual anual.

Uber piora trânsito nas metrópoles

Dois novos estudos confirmam que o Uber e similares têm contribuído para piorar o trânsito em metrópoles americanas. Pesquisadores da Universidade da Califórnia constataram que entre 49% e 61% das viagens nesses serviços teriam sido feitas em transporte público, bicicleta ou a pé. Segundo Bruce Schaller, ex-responsável pelo transporte nova-iorquino, eles produziram, em seis anos, 9,2 bilhões de quilômetros rodados de carro em nove cidades. “São claramente fator de congestionamento”, diz.

Uma nova legislação impedirá a concessão de novas licenças enquanto um estudo de um ano analisará os efeitos dos aplicativos para o tráfego Foto: REUTERS/Tyrone Siu

Oscar enfim acabará mais cedo

Entre as mudanças previstas para a cerimônia do Oscar do próximo ano está o respeito rígido ao tempo de duração: três horas. Estatuetas serão entregues no intervalo.

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O último filme de Kevin Spacey

Filmado há mais de dois anos, Billionaire Boys Club, sobre um grupo de jovens ricos que dá um golpe, será lançado este ano, apesar de estrelado por um nome tóxico em Hollywood depois das denúncias de assédio: Kevin Spacey.

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