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Implementação do acordo abre etapa de testes e obstáculos

O acordo nuclear com o Irã deverá ser testado de muitas maneiras a partir de agora. E o trabalho diz respeito aos detalhes em torno da flexibilização das sanções e o monitoramento da atividade nuclear, já que empresários e diplomatas nos EUA e outros países do Ocidente buscarão expandir suas relações com o Irã sem entrar em conflito com a lei americana. E a maneira como iranianos e americanos reagirão no caso de desrespeito ou violação causará problemas mais adiante.

Por Oren Dorell
Atualização:

O primeiro teste foi no domingo, quando os EUA impuseram novas sanções contra 11 indivíduos e companhias envolvidos no programa de mísseis balísticos do Irã. As sanções foram estabelecidas como resposta aos testes com mísseis no ano passado. O Irã declarou que seus mísseis balísticos se justificam como parte da defesa nacional.

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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem tarefas importantes a realizar que exigem cooperação iraniana, disse David Albright, ex-inspetor da agência e presidente do Instituto de Ciências e Segurança Internacional.

O Irã terá de apresentar uma descrição completa do seu programa nuclear, o que pode levantar novas questões sobre seu trabalho no campo das armas nucleares no passado – que a AIEA terá de atestar que foi encerrado. A agência emitiu relatório em dezembro declarando não ter encontrado evidências de trabalhos sobre armas nucleares no país depois de 2011. Mas, para provar que essas atividades se encerraram, será necessário ir aos locais suspeitos controlados pelo Exército, disse Albright.

Segundo ele o problema é que “de acordo com a política do Irã, você não pode ir”.

O acordo nuclear criou um sistema de controle de compras pelo Irã de produtos de uso duplo, que podem ser utilizados para fins nucleares pacíficos ou a fabricação de armas nucleares e mísseis balísticos. Assim, serão analisadas propostas de compra e transferência de tecnologia de todos os países direcionadas a empresas iranianas em setores como os de semicondutores, automotivo, máquinas-ferramenta e aviação.

O Irã agora tem acesso a US$ 100 bilhões em ativos que estavam congelados pelas sanções. Grande parte dessa soma está vinculada à dívida externa. Quanto aos cerca de US$ 50 bilhões remanescentes, o Tesouro dos EUA terá de indicar um caminho para transferência de bancos em China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Emirados Árabes e Turquia ao Irã sem violar as sanções americanas que ainda permanecem.

A diplomacia avançará com muita cautela, disse Robert Einhorn, ex-negociador nas conversações com o Irã e que trabalhou como assessor especial do Departamento de Estado na área da não proliferação e controle de armas. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ordenou que os diplomatas iranianos não se envolvam individualmente com os EUA e rejeitou uma “nova era de cooperação” com Washington.

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As negociações nucleares abriram canais de comunicação entre os diplomatas de ambos os países. Isso ficou evidente na semana passada, quando o Irã libertou 10 marinheiros americanos um dia depois de eles terem entrado em águas iranianas, e no sábado, quando quatro cidadãos de cidadania iraniana e americana foram soltos de prisões iranianas em troca de sete iranianos presos em solo americano, cumprindo penas por violações de sanções. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

OREN DORELL É JORNALISTA DO USA TODAY