Impunidade impede paz no Oriente Médio, diz relator da ONU

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A impunidade pelos crimes de guerra cometidos no Oriente Médio atingiu um "ponto de crise", afetando a perspectiva de paz na região, disse nesta terça-feira o relator especial de direitos humanos da ONU, Richard Goldstone. Depois de realizar um inquérito sobre a guerra da Faixa de Gaza, Goldstone pediu às autoridades de Israel e do Hamas que realizem investigações transparentes e confiáveis a respeito de atrocidades ocorridas no conflito de dezembro e janeiro últimos. "Uma cultura de impunidade na região tem existido há tempo demais", disse Goldstone ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. "A falta de responsabilização por crimes de guerra e possíveis crimes de guerra contra a humanidade atingiu um ponto de crise; a corrente falta de justiça está afetando qualquer esperança de um processo de paz bem sucedido e reforçando um ambiente que fomenta a violência." Israel diz que lançou a ofensiva militar em dezembro para impedir que militantes islâmicos disparassem foguetes contra seu território. Mas o grupo israelense de direitos humanos B'Tselem diz que 773 dos 1.387 palestinos mortos no conflito eram civis. O governo de Israel diz que foram mortos 709 combatentes e 295 civis. Do lado israelense, foram mortos dez militares e três civis. Goldstone pediu que o Conselho, que reúne 47 países, adote o seu recente relatório, segundo o qual o Exército israelense e militantes palestinos cometeram crimes de guerra e possivelmente crimes contra a humanidade. A adoção do relatório implicaria que o caso seja submetido ao Conselho de Segurança da ONU, que poderia tomar providências. O sul-africano Goldstone admitiu que a comissão de inquérito que ele chefiou, com quatro integrantes, sofreu uma "avalanche de críticas" por causa de suas conclusões, mas rejeitou a ideia de que houve motivação política no seu trabalho. De acordo com ele, é importante também não imputar culpas coletivas. "O povo da região não deve ser demonizado", afirmou. As delegações israelense e palestina devem se pronunciar no Conselho em Genebra, que debate durante todo o dia o relatório de Goldstone, antes de considerar resoluções a serem tomadas, ainda nesta semana. (Reportgem de Stephanie Nebehay)

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