Incerteza marca retorno dos turistas estrangeiros à Europa

Em 2019, o continente recebeu 10 milhões de pessoas durante o verão, no ano seguinte, foram 2 milhões e, este ano, a estimativa é de que entre 4 milhões e 5 milhões viagem

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Por Anouk Riondet , Marie Giffard e Thomas Perroteau/AFP
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MADRI - "O pior foi a espera. Fizemos reservas em março, mas não sabíamos quando as fronteiras francesas seriam abertas. Hoje, as viagens estão cheias de incertezas", disse à AFP Martin Douglass, um professor de Chicago em visita a Paris.

Desde 9 de junho, é possível que viajantes vacinados viagem à Europa, seguindo regras que variam de acordo com a situação de saúde do país de origem.

Desde 9 de junho, é possível que viajantes vacinados viagem à Europa, seguindo regras que variam de acordo com a situação de saúde do país de origem. Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes

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Dependendo do país de origem e do destino, o turista deve comprovar que recebeu duas doses de vacina contra a covid-19, apresentar resultado de exame PCR, ou teste de antígenos, negativos, motivo imperativo que justifica a viagem, além de cumprir quarentena por 7 a 10 dias.

Essa heterogeneidade de condições gera preocupação e incerteza entre os viajantes.

"Um dia você precisa disso, outro dia daquilo. Quando chegamos ao aeroporto, nos pediram para preencher mais papéis, embora já tivéssemos preenchido vários formulários", suspira Brandon McDaniel, dono de uma empresa no Texas, que pretende fazer um circuito de cinco semanas pela Europa com a família.

"Sabemos que vai custar muito caro fazer todos os testes necessários para entrar em cada país, mas se é isso que temos que fazer para poder viajar de novo, vamos fazer", diz sua esposa, a designer Crystal.

Os Estados Unidos estão na lista de países classificados como "seguros", o que isenta seus cidadãos de se submeterem-se ao PCR, ou um teste de antígeno, se estiverem totalmente vacinados.

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"Há muito tempo os americanos querem voltar. Em todas as pesquisas, vemos que Paris continua sendo o destino prioritário deles. Além disso, como a campanha de vacinação começou mais cedo lá, há muitos que estão vacinados, o que facilita a viagem", analisa a diretora-geral da Secretaria de Turismo de Paris, Corinne Menegaux.

Poucos turistas

Apesar da reabertura das fronteiras, o número de turistas americanos em Paris caiu 85% em relação a junho de 2019, e o número de turistas estrangeiros em geral caiu 60%, segundo a mesma fonte.

"Em 2019, recebemos 10 milhões de pessoas durante o verão. Em 2020, recebemos 2 milhões e, este ano, estimamos que ficaremos entre 4 milhões e 5 milhões", disse Menegaux.

Turista caminha perto do Museu do Prado, em Madri.Entre janeiro e abril, a Espanha recebeu 1,8 milhão de turistas estrangeiros, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Foto: (GABRIEL BOUYS / AFP)

"No momento, há poucos turistas em Paris", lamenta Denis Farias, gerente de uma loja de souvenirs perto da Torre Eiffel

"Há dois anos, na mesma época, eu tinha cinco funcionários na loja, agora estou sozinho", conta.

Mas os turistas gostam de poder desfrutar de uma Paris nessas condições. "Como há menos gente, podemos usar o tempo para fazer mais coisas, ficar menos tempo em filas", celebra Mohamed Charpenel, que é de Dubai.

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Em Madri, os turistas descrevem uma situação diferente.

"Meu avião estava cheio", contou Luke Johnson, um estudante de Denver de 19 anos. "Queríamos ir para a Alemanha e para a Holanda, mas teríamos que ficar em quarentena", acrescentou ele, um tanto frustrado.

Para Elena Schupp, uma americana de origem hispânica de 56 anos residente na Carolina do Sul, o grande número de medidas complica as coisas. Ela e a filha saíram de Dallas rumo a Madri.

"E as pessoas que não entendem muito de tecnologia? Minha mãe, por exemplo, não teria sido capaz de fazer isso", reclama.

Entre janeiro e abril, a Espanha recebeu 1,8 milhão de turistas estrangeiros, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Este número está bem abaixo da meta de 45 milhões estabelecida para 2021.

De qualquer forma, o ano continuará abaixo dos níveis históricos, com 61% a menos de viajantes chineses esperados na Europa Ocidental, de acordo com a Euromonitor International. / AFP

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