Índia abre investigação sobre 'conversões forçadas' na ordem de Madre Teresa de Calcutá

Denúncia afirma que 13 bíblias foram encontradas na biblioteca da congregação católica Missionárias da Caridade e que as jovens eram obrigadas a lê-las; regras pouco claras contra a 'conversão forçada' foram adotadas no Estado de Gujarat

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Por Redação
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AHMEDABAD, Índia - A polícia indiana abriu uma investigação para apurar uma denúncia sobre "conversões forçadas" dentro da congregação católica Missionárias da Caridade, fundada por Madre Teresa de Calcutá. Autoridades do Estado de Gujarat tentam determinar se meninas do lar de Vadovara eram obrigadas a carregar uma cruz e a ler a Bíblia, após a denúncia de um funcionário do serviço social do distrito.

Gujurat é um dos Estados da Índia de maioria hindu - onde nasceu o primeiro-ministro nacionalista Narendra Modi - e onde regras pouco claras contra a "conversão forçada" foram adotadas ou aplicadas de forma mais estrita nos últimos anos.

Missionárias da Caridade participam de cerimônia em homenagem ao aniversário de 111 anos de Madre Teresa, em Calcutá. Foto: REUTERS/Rupak De Chowdhuri (26/08/2011)

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A denúncia específica contra as Missionárias da Caridade afirma que 13 exemplares da Bíblia foram encontradas na biblioteca da instituição e que as jovens alojadas no local eram obrigadas a ler o texto sagrado cristão. De acordo com Mayank Trivedi, funcionário do serviço social, sua denúncia à polícia é baseada em um relatório das autoridades de proteção da infância e de outros funcionários do distrito, conforme explicou à France Presse.

As Missionárias da Caridade negam qualquer conversão forçada. O texto fundador da ordem religiosa criada por Madre Teresa de Calcutá - canonizada pelo Papa Francisco em 2016 e vencedora do Nobel da Paz em 1979, após viver a maior parte da vida em missão na Índia - estipula que as missionárias "não impõem sua fé católica a ninguém".

Imagem de março de 1981 mostra Madre Teresa acenando para fotógrafos em Calcutá. Foto: Jayanta Shaw/ REUTERS

Ativistas dos direitos humanos estão preocupados com o aumento da discriminação e da violência contra as minorias religiosas desde que Modi assumiu o poder em 2014, enquanto o governo nega qualquer projeto de hegemonia hindu e insiste que há igualdade de direitos entre todas as religiões.

No ano passado, no entanto, a comissão americana sobre liberdade religiosa internacional incluiu a Índia na lista de "países especialmente preocupantes" pela primeira vez desde 2004. Os defensores da liberdade religiosa afirmam que registraram mais de 300 incidentes anticristãos este ano. /AFP

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