Índia deixa sem cidadania mais de 4 milhões de habitantes

País realiza novo censo em Estado perto da fronteira com Bangladesh e causa o medo na minoria muçulmana que vive ali

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GUWAHATI, ÍNDIA - A Índia deixou sem cidadania mais de quatro milhões de pessoas do Estado de Asam, na fronteira com Bangladesh, após um novo censo feito na região. Um projeto de lei apresentado nesta segunda-feira, 30, levantou preocupações sobre o futuro da minoria muçulmana no local.

Muçulmanos chegam debarco à vila de Bur Gaonpara verificar se seus nomes foram incluídos no Registro Nacional de Cidadãos. Foto: AP Photo/Anupam Nath

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Segundo as autoridades que apresentaram o projeto do Registro Nacional de Cidadãos, o novo censo tem o objetivo de lutar contra a imigração ilegal vinda de Bangladesh.

O projeto propõe o censo dos habitantes de Asam que comprovaram sua presença no território indiano antes de 1971, ano em que milhões de refugiados de Bangladesh se abrigaram ali, durante a então guerra de independência. 

Muitos expressaram o temor de que nacionalistas hindus aproveitem o censo para agir contra a minoria muçulmana que vive no Estado, governado desde 2016 pelo Partido Bharatiya Janata, do primeiro-ministro Narendra Modi.

Mais de 30 milhões pessoas pediram sua inclusão no registro censitário e mais de quatro milhões não foram aceitas, disse uma autoridade do governo. As pessoas que ficaram sem a cidadania poderão apelar da decisão a partir de 30 de agosto, seguindo "um procedimento devidamente esclarecido". 

Um representante do Ministério do Interior, Satyen Garg, disse durante coletiva de imprensa que "ninguém será enviado para campos de detenção com base na lista provisória".

Organizações em defesa dos direitos humanos denunciaram o projeto, afirmando que retoma o destino trágico dos muçulmanos rohingyas, que atualmente constituem a maior população apátrida do mundo, depois de serem privados da nacionalidade birmanesa, em 1982. / AFP

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